O Emprego da Apologética
"Santificai a Cristo, como
Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo
aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com
mansidão e temor..." (1 Pedro 3:15).
A palavra traduzida acima por
"responder" é, no grego, apologia (isto é, "defesa"). Essa
palavra sugere a ideia de "defesa da conduta ou procedimento". Wilbur
Sinith, escritor zambiano naturalizado britânico. expressa-o da seguinte
maneira: "... uma defesa verbal, uma palavra de defesa daquilo que alguém
fez ou da verdade que alguém crê...".
O substantivo apologia
(traduzido em português pelo verbo "responder" em 1 Pedro 3:15, acima
citado) é empregado mais sete vezes no Novo Testamento:
I. TEXTOS ONDE A APOLOGIA APARECE:
·
Atos
22:1: "Irmãos e pais, ouvi agora a minha defesa perante vós."
·
Atos
25:16: "A eles respondi que não é costume dos romanos condenar quem quer
que seja, sem que o acusado tenha presentes os seus acusados e possa
defender-se da acusação."
·
1
Coríntios 9:3: "A minha defesa perante os que me interpelam é..."
·
Filipenses
1:7: "... porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na
defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça
comigo." Filipenses 1:16: "... estes, por amor, sabendo que estou
incumbido da defesa do evangelho."
·
2
Timóteo 4:16: "Na minha primeira defesa ninguém foi a meu favor; antes,
todos me abandonaram. Que isto não lhes seja a posto em conta."
Objetivos
da apologética
·
Fortalecer a própria fé - muitos crentes nos dias de
hoje sentem sua fé abalada quando o cristianismo é submetido a ataques.
Muitos carregam
desnecessariamente dúvidas e questionamentos mal resolvidos. Essas dificuldades
podem atrapalhar seu viver cristão (louvor, adoração, inseguranças, etc.)
Quanto mais soubermos quão inabaláveis são os fundamentos da nossa fé, mais
motivos teremos para louvá-lo! Não é "menos espiritual" que nos
empenhemos em aprofundar nossos conhecimentos, mesmo que em outras áreas, se
isso nos leva a glorificá-lo...
ILUSTRAÇÃO. Francis Schaeffer (1912-1984) narra um episódio em que,
depois de um de seus seminários onde ele ministrou apologética para líderes
cristãos, ele recebeu os cumprimentos de um velho e humilde pastor. Ele
esperava ouvir algum comentário positivo quanto ao aprendizado do conteúdo
avançado, mas suas surpreendentes palavras foram: "obrigado por me dar
mais motivos para adorar o meu Deus".
·
Ajudar a fortalecer a fé dos
nossos irmãos em Cristo:
como membros do Corpo de Cristo, temos o dever de fortalecer a fé uns dos
outros. A instrução mútua é imprescindível em uma igreja sadia.
Cl
3:16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e
aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e
hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
·
Remover barreiras intelectuais
dos descrentes
- informações e convicções equivocadas podem estar impedindo pessoas de se
chegarem a Deus através do Senhor Jesus.
-O
Senhor Jesus confiou aos crentes a missão de proclamar verdade para o mundo.
-Os
céticos podem ter diversas posturas: escarnecer, ridicularizar, se auto afirmar
(soberba), etc. Mas eles podem manifestar questões e dúvidas sinceras que são
barreiras à compreensão e aceitação dos princípios da fé evangélica.
-A
missão da apologética é demonstrar que a fé cristã pode ser incorporada por uma
pessoa sem que a mesma cometa um suicídio intelectual. As bases do cristianismo
sobrevivem imaculadamente por investigações e análises de qualquer natureza
(porque estamos falando a Verdade).
-Nossa
fé é racional, e a apologética se emprega de argumentos lógicos para facilitar
o acesso pelos descrentes, e em alguns casos até desacreditar os inimigos da
cruz de Cristo que influenciam negativamente outros contra a Verdade.
A
apologética, obviamente, é uma ferramenta indispensável nas mãos do
evangelista.
·
Mas, além disso, a apologética
é muito importante para estabelecer e fortalecer o crente na sua fé. Contra as influências das
filosofias do evolucionismo, materialismo, comunismo, humanismo,
pós-modernidade, ocultismo, e as demais religiões do mundo.
É bem fácil o crente ficar
confuso até ao ponto de ser enganado por uma seita. Alguns abandonaram a sua fé
por falta de respostas às dúvidas levantadas pelos seus mestres.
A
apologética, portanto, tem um papel especial na vida dos jovens crentes que vão
estudar numa faculdade secular. Por todas essas razões, a Igreja não pode
deixar de ensinar apologética.
·
Ela (apologética) nunca
substitui a oração nem a ação do Espírito Santo. Quem opera a salvação é Deus -
os argumentos devem fazer parte do processo de evangelização
·
O
método que Deus definiu para nós é o de apresentar verbalmente (pregar) a
mensagem do evangelho, e essa mensagem tem que ser entendida - aprovada pela
razão - pelos que a recebem.
É esse o lado positivo da
apologética: comunicar com clareza o evangelho à geração atual, de forma que
esta possa, entendendo-o, crer.
·
Pessoas
diferentes demandam maior ou menor intensidade na argumentação.
Deus ama a todas elas. Somos
seus instrumentos para alcançá-las. O convencimento final é do Espírito Santo.
Derrubar os argumentos somente não é suficiente. Não derrubá-los, pode deixar
barreiras que podem ter consequências fatais.
As motivações cristãs na prática da apologética
O valor do estudo de
Apologética só se manifesta com as motivações corretas:
·
Amor - aos irmãos com dificuldades e
ao homem sem Cristo.
Rm 13:8 A ninguém fiqueis
devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros: pois quem
ama o próximo tem cumprido a lei
·
Humildade. 1 Co. 8:1 No que se refere às
coisas sacrificadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber O
saber ensoberbece, mas o amor edifica i Se alguém julga saber alguma coisa, com
efeito, não aprendeu ainda como convém saber.
Nenhum "saber" (mesmo
o "saber" pertinente a assuntos espirituais) tem valor (cristão) se
mal empregado:
·
Auto exaltação - ostentar conhecimento e boa
argumentação, nutrir alguma fama ou imagem, ter o ego massageado, etc.
Fp. 2:3 Nada façais por partidarismo
ou vangloria, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si
mesmo.
·
Depreciação alheia. Devemos ter respeito e amor
pelas pessoas - eventualmente atacar as ideias erradas que atrapalham seu
relacionamento com Cristo. O desmoronamento de anos de convicções equivocadas
pode ser doloroso. Ganhar argumentos e perder pessoas contraria o chamado
cristão.
·
Obediência: Nosso chamado envolve:
(preparo, palavras, procedimento).
II. OS APÓSTOLOS FAZIAM DEFESAS DA FÉ?
·
Quando
eram confrontados por Judaizantes.
·
Quando
a doutrina ensinada era distorcida.
·
Quando
precisavam comprovar relatos milagrosos como a ressurreição de Cristo.
·
Quando
precisavam demonstrar que o novo regime implantado por Cristo era superior ao
antigo regime (o regime d a lei)
·
Para
responderem a seguinte questão: "Porque você é cristão?”.
Fazendo
uma referência a apologética John Stott diz:
"Não podemos fomentar a
arrogância intelectual de uma pessoa, mas devemos alimentar sua integridade
intelectual" (E eu acrescentaria que devemos responder a perguntas feitas
com sinceridade).
Ou o cristianismo é TUDO para a
humanidade, ou então não é NADA”. Ou é a maior das certezas ou a maior das
desilusões.
Mas se o cristianismo for TUDO
para a humanidade, é importante que cada pessoa seja capaz de apresentar uma
boa razão para a esperança que possui em relação às verdades eternas da fé
cristã.
Aceitar tais verdades sem
ponderar a respeito, ou aceitá-las simplesmente por causa da autoridade que
têm, não é suficiente para uma fé inteligente e estável."
Algo
importante a esclarecer...
O Cristianismo É uma Religião de FATOS
O cristianismo apela à
história, aos fatos da história. P. Carnegie Simpson chama de os dados mais
claros e acessíveis que existem". Simpson prossegue: "Ele (Jesus) é
um fato histórico, verificável como qualquer outro".
Portanto,
o cristianismo é objetivo em suas constatações.
Exige um grande esforço o
trabalho de apresentar às pessoas, e de um modo inteligente, as provas em favor
do evangelho, de maneira que elas possam tomar decisões significativas,
convencidas pelo poder do Espírito Santo. O coração não pode se comprazer com
aquilo que a mente rejeita como sendo falso.
Um princípio importante na Apologética: "A MELHOR DEFESA É O ATAQUE" (Josh Mac Dowell)
Pinnock, um hábil apologeta e
testemunha de Cristo, expressando-se com muita propriedade diz: “Um cristão
inteligente deve ser capaz de apontar as falhas numa posição não cristã e
apresentar fatos e argumentos em favor do evangelho”.
Se nossa apologética nos impede
de explicar o evangelho a quem quer que seja, é uma apologética inadequada,
paupérrima, medíocre.
III. VAMOS ESTABELECER ALGUNS FATOS BÁSICOS
Antes de tratar das diversas
provas que favorecem a fé cristã, deve-se esclarecer algumas ideias errôneas e
entender várias questões fundamentais.
· Fé Cega
Uma acusação bem comum e
contundente feita contra o cristão é: "Vocês, cristãos, me deixam doente!
Tudo o que vocês têm é uma 'fé cega"'.
Será
que para tornar-se cristão, a pessoa precisa cometer um "suicídio
intelectual"?
Pessoalmente,
"meu coração não pode se alegrar com aquilo que minha mente rejeita". Meu coração e minha cabeça
foram criados para juntos agirem e crerem em harmonia. Cristo nos mandou:
"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de
todo o teu entendimento "(Mateus 22:37).
Quando
Jesus Cristo e os apóstolos conclamavam uma pessoa a exercitar a fé, essa não
era uma "fé cega", mas uma "fé inteligente". O apóstolo Paulo disse:
"Sei em que tenho crido" (2 Timóteo 1:12). E Jesus disse: "Conhecereis
a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32). Conhecer, saber, é o
contrário de ignorar.
A
fé de um indivíduo envolve "a mente, as emoções e a vontade". "O Espírito Santo não
opera, no coração, uma fé cega e sem fundamentos...".
É
justificável que Paul Little escreva:
"A fé no cristianismo baseia-se em fatos. Não é contrária à razão. No
sentido cristão, a fé vai além, mas não contra a razão".
A
fé é a certeza que o coração tem de que as provas são suficientes.
· A Fé Cristã precisa ser Objetiva
Um bolsista muçulmano disse a
um professor de teologia: "Conheço muitos muçulmanos que têm mais fé em
Maomé do que alguns cristãos têm em Cristo". O professor respondeu: “Pode
ser verdade, mas o cristão é “salvo”“.
A
fé cristã é fé em Cristo.
Paulo disse: "Sei em quem tenho crido". Isso explica por que o
evangelho gira em torno da pessoa de Jesus Cristo.

Alguns
fazem uma diferença entre o "Cristo da fé" e o "Cristo da
história".
O
Cristo da fé é
aquele que é concebido na dimensão da crença e da experiência subjetiva.
O
Cristo da história é
aquele que é concebido por meio dos resultados das pesquisas arqueológicas, dos
dados históricos, dos documentos encontrados.
Acredito
que o Cristo da fé e o Cristo da História não são distintos como concebem os
liberais, é a mesma pessoa.
Conforme o inglês Herbet Butterfield (1900-1979) um dos
maiores historiadores da nossa época, o expressou: “Seria um erro perigoso
imaginar que as características de uma religião histórica continuariam
inalteradas caso o Cristo dos teólogos fosse divorciado do Jesus da história.”
Testemunhas
Oculares
Os escritores do Novo
Testamento ou escreveram na qualidade de testemunhas oculares dos eventos que
descreveram ou registraram os acontecimentos, conforme relatados, em primeira
mão, por testemunhas oculares.
Veja
o que diz um apostolo: "Porque
não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo,
seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade" (2
Pedro 1:16).
Os
escritores do NT sabiam qual a diferença entre mito, lenda e realidade. É bom lembrar, que a mitologia
grega se aplica a seres de existência mitológica. O cristianismo se refere a
seres de existência história.
J.
B. Phillips, escritor inglês
afirma “Já li, em grego e em latim,
dezenas de histórias de mitos, mas não encontrei a menor ideia de mito na
Bíblia”.
"Pode-se definir mito como
uma tentativa pré-científica e imaginativa de explicar algum fenômeno, real ou
aparente. Frequentemente apela mais às emoções do que à razão, e, de fato, em
suas manifestações mais típicas, parece ter surgido em uma época quando não se
exigiam explicações racionais'."

1
João 1 :1-3:
"O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os
nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam com
respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela
damos testemunho e vo-lo anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e
nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós
outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa
comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo."
Lucas
1:1-3:
"Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos
que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio
foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me
pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te
por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem."
I
Coríntios 15:6-8
"Depois Jesus foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos
quais a maioria sobrevive até agora, porém alguns já dormem. Depois foi visto
por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos, e, afinal, depois de todos, foi
visto também por mim, como por um nascido fora de tempo."
João
20:30,31
"Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não
estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais
que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome.”
Atos
10:39-42
"É nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em
Jerusalém? ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. A este
ressuscitou Deus no terceiro dia, e concedeu que fosse manifesto, não a todo o
povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a
nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos; e nos
mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz
de vivos e de mortos".
Metodologia
da apologética
·
O
alvo desta metodologia é avaliar as várias cosmovisões que estão competindo pela
lealdade do povo.
·
Outro
alvo do sistema é a comunicação da cosmovisão cristã. Para comunicar é preciso
um ponto de contato com o não crente.
·
Qualquer sistema de apologética
deve ter pelo menos as seguintes partes:
1)
Um ponto de partida lógico,
2)
um ponto de contato com o descrente, ou seja, "terreno comum",
3)
provas da verdade,
4)
o papel do raciocínio,
5)
a base da fé em Deus, Cristo e a Bíblia. O significado destes aspectos de uma
apologética deve ficar claro ao explicar as metodologias abaixo.
A apologética
tradicional
1) Os "evidencialistas"
tomam a postura de que a melhor
maneira de se comprovar a existência de Deus e a veracidade da Bíblia é apelar
para a evidência da história. Eles apontam para a evidência da ressurreição de
Jesus, por exemplo, como a prova de que Ele é Deus. O
"evidencialismo" é caracterizado pela tendência de se asseverar que a
verdade do Cristianismo pode ser demonstrada como sendo altamente provável. Os
evidencialistas começam a partir do empirismo e a abordagem deles pode ser
analisada assim:
a) Ponto de partida lógico - O
empirismo começa a partir do dado empírico para construir uma cosmovisão.
Ele pressupõe que exista uma
correspondência entre a realidade exterior e as percepções interiores na mente
humana e que os cinco sentidos são confiáveis. Outros pressupostos incluem a
unidade da experiência, a regularidade das leis da natureza e causalidade. É
claro que o evidencialismo não depende apenas dos fatos, mas também de alguns
pressupostos metafísicos, embora nem todos os empiristas admitam isso.
b) Terreno comum - Os
evidencialistas dizem que a coisa que temos em comum com o não crentes são os
fatos. "Um fato é um fato", eles dizem. Eles pressupõem que os fatos
são os mesmos para todo mundo é que eles têm o mesmo significado.
Alguns evidencialistas admitem
que temos em comum com os descrentes as formas lógicas do raciocínio humano.
c) Prova da verdade -Algo é
verdadeiro se ele é consistente com os fatos. Por isso eles dão muita ênfase
aos fatos históricos: a ressurreição de Jesus, etc. Para eles a evidência exige
um veredito. d) O papel do raciocínio - Os evidencialistas dependem da lógica
indutiva. Eles tentam raciocinar a partir dos fatos (a ordem no universo, à
ressurreição) para os princípios metafísicos (a existência de Deus, a divindade
de Cristo).
e) A base da fé - Certeza
absoluta é impossível, segundo os evidencialistas. O melhor que podemos esperar
é um alto grau de probabilidade. Eles dizem que entre as várias cosmovisões
possíveis, o cristianismo é o mais provável e deve ser aceito.
2) Racionalismo
O que é? O racionalismo é uma
epistemologia que tenta conhecer a verdade dedutivamente. Vários filósofos
(Anselmo teólogo e
filósofo(1034-1109) e Descartes (1596-1650) tentaram comprovar o cristianismo
através do racionalismo.
Ponto de partida lógico - O
racionalismo começa a partir de axiomas
Terreno comum - O ponto de
contato entre os não crentes é a validade universal das leis da lógica: a lei
da não contradição, a lei da identidade, e a lei do meio excluído. Estas leis
compõem a estrutura da mente humana e definem as possibilidades na realidade.
Prova da verdade - A
consistência lógica é a prova da verdade final.
O papel do raciocínio - O
processo de raciocinar, segundo o racionalismo, é deduzir as conclusões que se
seguem logicamente dos axiomas. A razão é puramente dedutiva.
a) A base da fé cristã é a
certeza dos silogismos lógicos.
Problemas? O problema do
racionalismo é que os argumentos são apenas tão bons como os pressupostos. Um
argumento pode ser válido e ainda: also por ter falsos pressupostos.
O racionalismo pretende
construir um argumento com pressupostos fundamentados no mundo finito e concluir
com um Deus infinito. Mas, pressupostos finitos (pensou, logo existo, etc.) não
são suficientes para chegar a um Ser Infinito.
O raciocínio, para ser
suficiente, deve começar a partir de um ponto de referência infinito.
3) Misticismo
Ponto de Partida lógico -
Testemunho pessoal sobre sua experiência de Deus.
Terreno comum - Não existe
terreno comum porque os não crentes não podem entender o que eles não
experimentaram.
Prova da verdade - A auto
autenticação da experiência. O místico responde aos incrédulos ao dizer:
"Jesus mudou a minha vida". A prova final é a realidade de um
encontro com Deus.
d) O papel do raciocínio - A
razão pode interpretar a experiência, mas ela é incapaz de avaliar a verdade da
experiência. As vezes o raciocínio é visto como um obstáculo a uma experiência
de Deus.
e) A base da fé - Os místicos
dizem que eles têm uma certeza psicológica. A fé é irracional.
Problemas? Os Mórmons têm a sua
experiência, os Hindus, e todas as outras religiões também. A experiência
precisa de um ponto de referência objetivo para validá-la.
Qual
é o grande objetivo destas metodologias apologéticas?
RESPOSTA:
NOS CONDUZIR A CERTEZA DAS AFIRMAÇÕES FEITAS PELO CRISTIANISMO
I. COMO PODEMOS CHEGAR A CERTEZA NA PRÁTICA APOLOGÉTICA?
Um
dos grandes desafios da apologética é conduzir as pessoas a ter certeza de que
as afirmações do cristianismo são verdadeiras.
Vamos
definir o que é a certeza apologética, e quais as condições e critérios para
que possamos chegar à certeza.
A DEFINIÇÃO DE CERTEZA
Certeza
é o estado da mente em que está intimamente persuadida de possuir a verdade.
Estar certo é, portanto, formular um juízo, que exclui totalmente a dúvida e o
temor de errar.

·
Intelectual,
onde pelo raciocínio uma pessoa acredita que conseguiu encontrar uma verdade
espiritual, lógica, sensata e coerente com a razão.
·
Psicológico.
As emoções precisam aqui estar em sintonia com as convicções intelectuais. Há pessoas que falam sobre a fé, mas seus
sentimentos não produzem a mesma convicção psicológica.
·
Espiritual,
onde o indivíduo em contato com o divino tem uma experiência única com a
revelação, de modo que está se apresenta para ele com a verdade mais concreta e
absoluta para explicar o propósito e sentido de sua existência.
Espécies
de certeza:
A
certeza metafísica, que se funda na relação necessária entre os termos do juízo
ou raciocínio lógico. Ex. Quando digo que “o todo é maior que a parte”, o
atributo convém de tal modo ao sujeito que é impossível conceber o contrário.
Ao formularmos um juízo desses, o nosso espírito não só não admite a
possibilidade de dúvida, mas afirma que a contraditória é absurda e não se pode
conceber;
A
certeza física, que se baseia na constância das leis do universo. Só a
experiência nos pode dar esta certeza. Ex. Quando dizemos que “os corpos tendem
a cair para o centro da terra”, julgamos que a proposição contrária é falsa,
por contradizer os fatos observados, mas não absurda, pois as leis poderiam ser
de outro modo;
A
certeza moral, que se funda no testemunho dos homens, quando este se apresenta
com todas as garantias de verdade. Ex. As verdades históricas e, portanto, as
religiosas são objeto da certeza moral.
Ex. O Pecado é a transgressão da lei. É errado matar.
Segundo
o modo do conhecimento, a certeza é:
Imediata,
direta ou intuitiva, quando se apresenta à inteligência sem o intermédio de
outra verdade; ex.: o todo é maior que a parte; Ex. alguém tem uma experiência
direta com uma revelação.
Mediata,
indireta ou discursiva, quando a conhecemos indiretamente por meio do
raciocínio; ex.: a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a dois
retos (180º). Ex. alguém conhece a revelação por meio do testemunho de outra
pessoa
Critério
Por
conseguinte, o problema da verdade reduz-se, a saber, qual é o sinal ou
critério por onde podemos conhecer que estamos em posse da verdade.
Foram
propostos vários critérios:
·
A
revelação divina (Ex. experiências místicas, sobrenaturais, visões, etc...), o
consenso universal (Ex. milhões de pessoas creem em Deus), o senso comum (São
as crenças populares.), o sentimento (sentimos o amor, por isso temos a certeza
da sua existência).
·
O
critério ou sinal infalível e universal da verdade é a evidência. Mas, que é a
evidência? O termo evidente, como a etimologia o indica, significa que a
verdade está revestida duma claridade que a faz brilhar aos nossos olhos. Desse
modo a evidência exerce no espírito uma espécie de violência, coloca-o na
impossibilidade de não ver.
·
“Estou
certo porque vejo que a coisa é assim, e não pode ser de outro modo; e vejo que
é assim, ou por intuição direta, ou por meio da demonstração, ou finalmente por
um testemunho irrefragável que não me permite julgar o contrário.”
Uma
das grandes discussões históricas é quanto à certeza dos dados, quanto à
verdade das declarações que são feitas pela Bíblia.
Portanto,
precisamos definir a Bíblia apologeticamente.
A
singularidade da Bíblia...
... Nosso ponto de partida para a
apologética.
A
Bíblia é Única.
É
um livro "diferente de todos os demais" nos seguintes aspectos (além
de em muitos e muitos outros):
ÚNICA
NA SUA COERÊNCIA. Esse é um livro:
Escrito
durante um período de mais de 1.500 anos.
Escrito
durante mais de 40 gerações.
Escrito
por mais de 40 autores, envolvidos nas mais diferentes atividades, inclusive
reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc.:
Escrito
em diferentes lugares:
Moisés, no deserto;
Jeremias, numa masmorra;
Daniel, numa colina e num palácio;
Paulo, dentro de uma prisão;
Lucas, enquanto viajava;
Moisés, no deserto;
Jeremias, numa masmorra;
Daniel, numa colina e num palácio;
Paulo, dentro de uma prisão;
Lucas, enquanto viajava;
João,
na ilha de Patmos;
Outros, nos
rigores de uma campanha militar.
Escrito
em diferentes condições: Davi, em tempos de guerra; Salomão, em tempos de paz.
Escrito sob diferentes circunstâncias:
Alguns escreveram
enquanto experimentavam o auge da alegria, enquanto outros escreveram numa
profunda tristeza e desespero.
“Voltaire,
o francês renomado e incrédulo que morreu em 1778, afirmou que, cem anos depois
dele o cristianismo estaria varrido da face da terra e teria passado à
história”. Mas o que aconteceu? Voltaire passou para a história, ao passo que a
circulação da Bíblia continua a aumentar em quase todas as partes do mundo,
levando bênçãos aonde quer que vá.
A
respeito da presunção de Voltaire de que o cristianismo desapareceria num prazo
de cem anos, Geisler e Nix assinalam que "apenas cinquenta anos depois de
sua morte a Sociedade Bíblica de Genebra usou a gráfica e a residência de
Voltaire para imprimir pilhas de Bíblias.“ QUE IRONIA DA HISTÓRIA!
Esses
fatos comprovam que a Bíblia é única!
A Bíblia é única em sobrevivência:
Ser
escrita em material perecível, tendo que ser copiada e recopiada durante
centenas de anos, antes da invenção da imprensa, não prejudicou seu estilo,
exatidão ou existência. Comparada com outros escritos antigos, a Bíblia possui
mais provas em termos de manuscritos .
"Os
judeus a preservaram como nenhum outro manuscrito foi jamais preservado. Com a
massora (O termo "massorá" provém na língua hebraica de mesorah que
indica "tradição". Portanto, massoreta era alguém que tinha
por missão a guarda e preservação da tradição) eles verificavam atentamente
cada letra, sílaba, palavra e parágrafo. Dentro de sua cultura, eles dispunham
de grupos de homens com funções específicas, cuja única responsabilidade era
preservar e transmitir esses documentos com uma fidelidade praticamente
perfeita - eram os escribas, copistas e massoretas. Quem alguma vez contou as
letras, sílabas e palavras dos textos de Platão ou Aristóteles?
John
Lea comparou a Bíblia aos escritos de Shakespeare: "Em artigo na North
American Review (Revista Norte-Americana): “Parece estranho que o texto de
Shakespeare, que existe há menos de duzentos e oito anos, seja bem mais
duvidoso e tenha bem mais corruptelas do que o texto do Novo Testamento, agora
com mais de dezoito séculos de idade, “
...
o texto de cada versículo do Novo Testamento encontra-se tão bem estabelecido,
em face de uma concordância geral entre os estudiosos, que qualquer ressalva
quanto ao texto diz respeito mais à interpretação das palavras do que a
quaisquer dúvidas sobre as próprias palavras.
A Bíblia é a única em sobrevivência em meio às perseguições:
Em
303 A.D. o imperador Diocleciano proclamou um edito para impedir os cristãos de
adorarem e para destruir as suas Escrituras: "... um documento imperial
foi promulgado em todos os lugares, determinando a demolição das igrejas e a
queima das Escrituras, e proclamando que aqueles que ocupavam posições de
destaque perderiam todos os seus direitos, enquanto que aqueles que
trabalhassem em suas casas perderiam a liberdade, caso insistissem em professar
o cristianismo“.
Quanto
a esse edito para destruir a Bíblia, a ironia da história é que Eusébio
registra o edito proclamado 25 anos depois por Constantino, o imperador que
sucedeu a Diocleciano, para que se preparassem 50 cópias das Escrituras a
expensas do governo.
A
Bíblia é única em termos de sobrevivência. Isso não prova que a Bíblia é a
Palavra de Deus. Mas confirma que ela ocupa um lugar sem igual entre os livros.
Quem quer que esteja buscando a verdade deve refletir sobre um livro com essas
características distintivas.
MATERIAL EXTRAIDO DO LIVRO –SÉRIE APOLOGÉTICA-
ICP. INSTITUTO CRISTÃO DE PESQUISAS
·
As pessoas têm
o direito de professar a religião de sua escolha. A tolerância religiosa é
extensiva a todos. Isso não significa, porém, que todas as religiões sejam boas.
Nos dias de Jesus havia vários grupos religiosos: Os saduceus (At 5.17) e os
fariseus (At 15.5). Os dois grupos tinham posições religiosas distintas (At
23.8). Mesmo assim, Jesus não os poupou, chamando-os de hipócritas, filhos do
inferno, serpentes, raça de víboras (Mt 23.13-15,33).
·
O Mestre deixou claro que não aceitava a idéia de que todos
os caminhos levará a Deus. Ele ensinou que há apenas dois caminhos: o estreito,
que conduz à vida eterna, e o largo e espaçoso, que leva à destruição (Mt
7.13-14).
·
Os apóstolos tiveram a mesma preocupação: não permitir que
heresias, falsos ensinos, adentrassem na Igreja.
·
O primeiro ataque doutrinário lançado contra a Igreja foi o legalismo. Alguns judeus-cristãos
estavam instigando novos convertidos à prática das leis judaicas,
principalmente a circuncisão.
·
Em Antioquia, havia uma igreja constituída de pessoas bem
preparadas no estudo das Escrituras (At 13.1), que perceberam a gravidade do
ensino de alguns que haviam descido da Judéia e ensinavam: Se não vos
circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podereis ser salvos (At
15.1). Esses ensinamentos eram uma ameaça à Igreja. Foi necessário que um
concilio apreciasse essa questão e se posicionasse.
·
Em Atos 15.1-35, temos a narrativa que demonstra a
importância de considerarmos os ensinos que contrariam a fé cristã. Outras
fontes ameaçam a Igreja- Dentre elas, destacamos a pluralidade religiosa.
Pluralidade Religiosa
·
A pluralidade religiosa não é exclusiva dos tempos de Jesus.
Atualmente existem milhares de seitas e religiões falsas, as quais pensam estar
fazendo a vontade de Deus quando, na verdade, não estão.
·
Há dez grandes
religiões principais: Hinduísmo, Jainismo, Budismo e Siquismo (na índia);
Confucionismo e Taoísmo (na China); Xintoísmo (no Japão), Judaísmo (na
Palestina), Zoroastrismo (na Pérsia, atual Irã) e Islamismo (na Arábia). Nessa
lista, alguns incluem o Cristianismo.
·
Além disso,
existem mais de dez mil seitas (ou subdivisões dessas religiões), estando seis
mil localizadas na África, 1200 nos Estados Unidos e o restante em outros
países.
·
Para efeitos didáticos, o Instituto Cristão de Pesquisas classifica
assim as seitas:
·
Secretas: Maçonaria,Teosofia,
Rosacrucianismo, Esoterismo etc.
·
Pseudocristãs: Mormonismo,
Testemunhas de Jeová, Adventismo do Sétimo Dia, Ciência Cristã, A Família
(Meninos de Deus), Igreja Apostólica da Santa Vó Rosa etc.
·
Espíritas: Kardecismo,
Legião da Boa Vontade, Racionalismo Cristão etc.
·
Afro-brasileiras: Umbanda,
Quimbanda, Candomblé, Voduísmo, Cultura Racional, Santo Daime etc.
·
Orientais: Seicho-No-Iê,
Igreja Messiânica Mundial, Arte Mahikari, Hare Krishna, Meditação
Transcendental, Igreja da Unificação (Moonismo), Perfeita Liberdade etc.
·
Unicistas: Voz da
Verdade, Igreja Local, Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes (ASNYS), Só
Jesus, Tabernáculo da Fé, Cristadelfíanismo etc.
Enquanto essas e outras seitas se
multiplicam, e seus guias desencaminham milhões de pessoas, os cristãos
permanecem indiferentes, desatentos à exortação de Judas 3: batalhar pela fé
que uma vez foi dada aos santos.
Por Que Estudar as Falsas Doutrinas
·
Muitos perguntam por que se deve estudar as falsas doutrinas.
Para esses, seria melhor a dedicação à leitura da Bíblia. Certamente devemos
usar a maior parte de nosso tempo lendo e estudando a Palavra de Deus, porém
essa mesma Palavra nos apresenta diretrizes comportamentais relacionadas aos
que questionam nossa fé. Assim sendo, apresentamos as razões para o estudo das
falsas doutrinas:
·
1ª - Defesa
própria: Várias entidades religiosas treinam seus adeptos para ir, de
porta em porta, à procura de novos adeptos. Algumas são especializadas em
trabalhar com os evangélicos, principalmente os novos convertidos. Os cristãos
devem se informar acerca do que os vários grupos ensinam. Só assim poderão
refutá-los biblicamente (Tt 1.9);
·
2a.
- Proteção do rebanho: Um rebanho bem alimentado não dará problemas. Devemos
investir tempo e recursos na preparação dos membros da Igreja. Escolas bíblicas
bem administradas ajudam o nosso povo a conhecer melhor a Palavra de Deus. Um
curso de batismo mais extensivo, abrangendo detalhadamente as principais
doutrinas, refutando as argumentações dos sectários e expondo-lhes a verdade,
será útil para proteger os recém-convertidos dos ataques das seitas;
·
3a.
- Evangelização: O fato de
conhecermos o erro em que se encontram os sectários nos ajuda a apresentar-lhes
a verdade de que necessitam. Entre eles se encontram muitas pessoas sinceras
que precisam se libertar e conhecer a Palavra de Deus. Os adeptos das seitas
também precisam do Evangelho. Se estivermos preparados para abordá-los, e
demonstrar a verdade em sua própria Bíblia, poderemos ganhá-los para Cristo;
·
4a.
- Missões: Desempenhar o
trabalho de missões requer muito mais do que se deslocar de uma região para
outra ou de um país para outro. Precisamos conhecer a cultura onde vamos semear
o Evangelho. Junto à cultura teremos a religiosidade nativa. Conhecer
antecipadamente esses elementos nos dará condições para alcançá-los
adequadamente.
·
Uma objeção levantada por alguns é esta: Não gosto de
falar contra outras religiões. Fomos chamados para pregar o Evangelho. Concordamos
plenamente, todavia lembramos que o apóstolo Paulo foi chamado para pregar o
Evangelho e disse não se envergonhar dele (Rm 1.16). Disse também que Cristo o
chamou para defender esse mesmo Evangelho (Fp 1.16).
·
A objeção mais comum é a seguinte: Jesus disse para não
julgarmos, pois com a mesma medida que julgarmos, também seremos julgados. Quem
somos nós para julgar"? Ora, o contexto mostra que Jesus não estava
proibindo todo e qualquer julgamento, pois no versículo 15 Ele alerta: acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas.
·
Como
poderíamos nos acautelar dos falsos profetas se não pudéssemos
identificá-los? Não teríamos de emitir um juízo classificando alguém como
falso profeta? Concluímos, portanto, que há juízos estabelecidos em bases
sinceras, mas, para isso, é preciso usar um padrão correto de julgamento e, no
caso, esse padrão é a Bíblia (Is 8.20). Há exemplos nas Escrituras de que nem
todo juízo é incorreto. Certa vez Jesus disse: julgas te bem (Lc 7.43). Paulo
admitiu que seus escritos fossem julgados (1 Co 10.15). Disse mais: O que é
espiritual julga bem todas as coisas (1 Co 2.15).
Definição dos Termos
·
Antes de apresentarmos os meios para se identificar uma seita
ou religião falsa, saibamos o que significam as palavras seita e heresia.
Ambas derivam da palavra grega háiresis, que significa escolha,
partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola etc... A palavra heresia
é adaptação de háiresis. Quando passada para o latim, háiresis virou
seda. Foi do latim que veio a palavra seita.1 Originalmente,
a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o Cristianismo foi chamado de
seita (At 24.5), não foi em sentido depreciativo. Os líderes judaicos viam os
cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do Judaísmo. Com o tempo, háiresis
também assumiu conotação negativa, como em 1 Co 11.19; Gl 5.20; 2 Pe 2.1-2.
·
Em termos teológicos, podemos dizer que seita refere-se
a um grupo de pessoas e que heresia indica as doutrinas antibíblicas
defendidas pelo grupo. Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um
cristão imaturo pode estar ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte
de uma seita.
·
Há outras definições sobre o que é seita:
·
1ª. — Um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma
interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas -Dr. Walter
Martin.3
·
2a. — É uma perversão, uma distorção do
Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja cristã —
Josh McDoweell e Don Stewart.4
·
3a. — Qualquer religião tida por heterodoxa ou
mesmo espúria — J.K. Van Baalen.5
·
Façamos um breve comentário sobre o que é doutrina. A
palavra doutrina vem do latim doctrina, que significa ensino. Referindo-se
a qualquer tipo de ensino ou a algum ensino específico. Existem três formas de
doutrina:
a) Doutrina de Deus - At 13.12; 1.42; Tt 2.10;
b) Doutrina de homens - Mt 15.9; Cl 2.22;
c) Doutrina de demônios - 1 Tm 4.1.


A Caracterização das Seitas
·
O método mais eficiente para se identificar uma seita é
conhecer os quatro caminhos seguidos por elas, ou seja, o da adição, subtração,
multiplicação e divisão. As seitas conhecem as operações matemáticas, contudo,
nunca atingem o resultado satisfatório.
1. Adição: O grupo adiciona algo à Bíblia. Sua fonte de autoridade não leva em consideração somente a bíblia.
Por exemplo:
·
Adventismo do Sétimo Dia. Seus adeptos
têm os escritos de Ellen White como inspirados tanto quanto os livros da
Bíblia. Declaram: Cremos que: Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo, e
seus escritos, o produto dessa inspiração, têm aplicação e autoridade especial
para os adventistas do sétimo dia. Negamos que a qualidade ou grau de
inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas
Escrituras Sagradas. Essa alegação é altamente comprometedora. Diversas
profecias escritas por Ellen White não se cumpriram. Isso põe em dúvida a
alegação de inspiração e sua fonte.
·
As Testemunhas de Jeová creem que somente com a mediação
do corpo governante (diretoria das Testemunhas de Jeová, formada por um número
variável entre nove e 14 pessoas, nos EUA), a Bíblia será entendida. Declaram:
Meramente ter a Palavra de Deus e lê-la não basta para adquirir o conhecimento
exato que coloca a pessoa no caminho da vida.% A menos que estejamos
em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na
estrada da vida, não importa quanto leiamos a Bíblia.9 Essa
afirmação iniciou-se com o seu fundador, Charles Taze Russell. Ele afirmava que
seus livros explicavam a Bíblia de uma forma única. A Bíblia fica em segundo
plano nos estudos das Testemunhas de Jeová. É usada apenas como um livro de
referência. A revista A Sentinela tem sido seu principal canal para propagar
suas afirmações. O candidato ao batismo das Testemunhas de Jeová deve saber
responder a aproximadamente 125 perguntas. A maioria nega a doutrina bíblica
evangélica. Certamente, com a literatura das Testemunhas de Jeová, é impossível
compreender a Bíblia. Somente a Palavra de Deus contém ensinos que conduzem à
vida eterna. Adicionar-lhe algo é altamente perigoso! (Ap 22.18-19).
·
Nessa mesma linha estão os mórmons, que dizem crer
na Bíblia, desde que sua tradução seja correta. Ensinam: Cremos ser a Bíblia a
palavra de Deus, o quanto seja correta sua tradução; cremos também ser o
"Livro de Mórmon" a palavra de Deus (Artigo 8o das Regras
de Fé).
·
Eles acham que o "Livro de Mórmon" é mais perfeito
do que a Bíblia. Declarei aos irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto
de todos os livros da terra, e a pedra angular da nossa religião
("Ensinamentos do Profeta Joseph Smith", p. 178). Outros livros
também são considerados inspirados: "Doutrina e Convênios" e "A
Pérola de Grande Valor". Usam também a Bíblia apenas como livro de
referência. Se dissermos aos mórmons que temos a Bíblia e não precisamos do
"Livro de Mórmon", eles responderão com esse livro: Tu, tolo, dirás:
uma Bíblia e não necessitamos mais de Bíblia! Portanto, porque tendes uma
Bíblia, não deveis supor que ela contém todas as minhas palavras; nem deveis
supor que eu não fiz com que se escrevesse mais (LM-2 Néfi 29.9-10). Citam as
variantes textuais dos manuscritos como argumento de que a Bíblia não seja
fidedigna. Ignoram, porém, que a pesquisa bíblica tem demonstrado a
fidedignidade da Palavra de Deus.
·
Os Meninos de Deus (A Família) dizem que é
melhor ler os ensinamentos de David Berg, seu fundador, do que ler a Bíblia. E
quero dizer-vos francamente: se há uma escolha entre lerem a Bíblia, quero
dizer-vos que é melhor lerem o que Deus diz hoje, de preferência ao que disse
2000 ou 4000 anos atrás! Depois, quando acabarem de ler as últimas Cartas de MO
podem voltar e ler a Bíblia e as Cartas velhas de MO! ("Velhas
Garrafas" - MO, julho, 1973, p. 11 n. 242-SD). Práticas abomináveis,
segundo a moral bíblica, são justificadas com a Bíblia. A Igreja da Unificação,
do Rev. Moon, julga ser seu princípio divino de inspiração mais elevado do que
a Bíblia. A Bíblia... não é a própria verdade, senão um livro de texto que
ensina a verdade. ...Portanto, não devemos considerar o livro de texto como
absoluto em todos os detalhes ("O Princípio Divino", Introdução, p.
7). Outro exemplo da conseqüência de abandonar as Escrituras é observado nesse
movimento. Além da Bíblia, rejeitam também o Messias e seguem um outro senhor.
·
Os Kardecistas não têm a Bíblia como base, mas a doutrina dos espíritos,
codificada por Allan Kardec. Usam um outro Evangelho conhecido como "O
Evangelho Segundo o Espiritismo". Dizem: Nem a Bíblia prova coisa nenhuma,
nem temos a Bíblia como probante. O Espiritismo não é um ramo do Cristianismo
como as demais seitas chamadas cristãs. Não assenta os seus princípios nas
Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. Mas a nossa base é o ensino dos
espíritos, daí o nome - Espiritismo ("A Margem do Cristianismo", p.
214). Procuram interpretar as parábolas e ensinos de Jesus Cristo segundo uma
perspectiva espírita e reencarnacionista. A Palavra de Deus é bem clara quanto
às atividades espíritas e suas origens.
·
A Igreja de
Cristo Internacional (Boston) interpreta a Bíblia segundo a visão de Kipp Mckean, o seu
fundador. Um sistema intensivo de discipulado impede outras interpretações.
Qualquer resistência do discípulo, referindo-se à instrução, desencadeará uma
retaliação social.
Ø
Resposta Apologética:
·
O apóstolo Paulo diz que as Sagradas Letras tornam o
homem sábio para a salvação pela fé em Jesus (2 Tm 3.15); logo, se alguém ler a
Bíblia, somente nela achará a fórmula da vida eterna: crer em Jesus. A
Bíblia relata a história do homem desde a antiguidade. Mostra como ele caiu no
lamaçal do pecado. Não obstante, declara que Deus não o abandonou, mas enviou
seu Filho Unigênito para salvá-lo. Assim, lendo a Bíblia, o homem saberá que
sem Jesus não há salvação. Ele não procurará a salvação em Buda, Maomé, Krishna
ou algum outro, nem mesmo numa organização religiosa; pois a Bíblia é absoluta
e verdadeira ao enfatizar que a salvação do homem vem exclusivamente por meio
de Jesus (Jo 1.45; 5.39-46; Lc 24.27,44; At 4.12; 10.43; 16.30-31; Rm 10.9-10).
2. Subtração: O grupo tira algo da pessoa de Jesus.
·
A maçonaria vê Jesus
simplesmente como mais um fundador de religião, ao lado de personalidades
mitológicas, ocultistas ou religiosas, tais como, Orfeu, Hermes,Trimegisto,
Krishna, (o deus do Hinduísmo), Maomé (profeta do Islamismo), entre outros. Se
negarmos o sacrifício de Jesus Cristo e sua vida, estaremos negando também a
Bíblia que o menciona como Messias (Is 7.14 - Mt 1.21-23; Dn 7.13-14). Ou
cremos integralmente na Palavra de Deus como revelação completa e,
portanto, nas implicações salvíficas que há em Jesus Cristo, ou a rejeitamos integralmente.
Não há meio termo.
·
A Legião da
Boa Vontade (LBV) subtrai a natureza humana de Jesus, dizendo que Jesus possui
apenas um corpo aparente ou fluídico, além de negar sua divindade, dizendo que
ele jamais afirmou que fosse Deus.10 Jesus não poderia nem
deveria, conforme as imutáveis Leis da Natureza, revestir o corpo material do
homem do nosso planeta, corpo de lama, incompatível com sua natureza
espiritual, mas um corpo fluídico ("Doutrina do Céu da LBV", p.
108).
·
Agora, o mundo inteiro pode compreender que Jesus, o Cristo
de Deus, não é Deus nem jamais afirmou que fosse Deus ("Doutrina do Céu da
LBV", p. 112).
·
Outros grupos também subtraem a divindade de Jesus: as
Testemunhas de Jeová dizem que Ele é o arcanjo Miguel na sua preexistência,
sendo a primeira criação de Jeová.
·
Os adventistas ensinam que Jesus tinha uma natureza
pecaminosa, caída. Dizem, Santificar o sábado ao Senhor importa em salvação
eterna ("Testemunhos Seletos", vol. III, p. 22 — 2 edição, 1956).
·
Os Kardecistas ensinam que Jesus foi apenas um médium de
Deus. Dizem que Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus
("A Gênese", p. 311).
Ø
Resposta Apologética:
·
A Bíblia ensina que Jesus é Deus (Jo 1.1; 20.28;Tt 2.13; 1 Jo
5.20 etc). Assim sendo, não pode ser equiparado meramente a seres humanos ou
mitológicos, nem mesmo com os anjos, que o adoram (Hb 1.6). A Bíblia atesta a
autêntica humanidade de Jesus, pois nasceu como homem (Lc 2.7), cresceu como
homem (Lc 2.52), sentiu fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28), comeu e bebeu (Mt
11.19; Lc 7.34), dormiu (Mt 8.24), suou sangue (Lc 22.44) etc. Foi gerado pelo
Espírito Santo no ventre da virgem Maria, sendo portanto, santo, inocente e
imaculado (Hb 7.26). É verdadeiramente Deus (Jo 5.18; 10.39-33; 1 Jo 5.20) e
verdadeiramente homem (Lc 19.10).
3. Multiplicação: Pregam a auto salvação. Crer em Jesus é importante, mas não é tudo. A salvação é pelas obras. Às vezes, repudiam publicamente o sangue de Jesus:
·
A Seicho-No-Iê nega a
eficácia da obra redentora de Jesus e o valor de seu sangue para remissão de
pecados, chegando a dizer que se o pecado existisse realmente, nem os budas
todos do Universo conseguiriam extingui-lo, nem mesmo a cruz de Jesus Cristo
conseguiria extingui-lo.
·
Os mórmons afirmam crer
no sacrifício expiatório de Jesus, mas sem o cumprimento das leis estipuladas
pela Igreja não haverá salvação. Outro requisito foi exposto pelo profeta
Brigham Young, que disse: Nenhum homem ou mulher nesta dispensação entrará no
reino celestial de Deus sem o consentimento de Joseph Smith.12 O
Homem tem de fazer o que pode pela própria salvação ("Doutrinas de
Salvação", p. 91, volume III, Joseph Fielding Smith). Por isso, eles têm
grande admiração por Smith.
·
Os adventistas, por meio de
sua profetisa Ellen Gould White, ensinam que a guarda do sábado implica
salvação e que os benefícios da morte de Cristo nos serão aplicados desde que
estejamos vivendo em harmonia com a lei, que, no caso, é guardar o sábado. Santificar
o sábado ao Senhor importa em salvação eterna ("Testemunhos
Seletos", vol. III, p. 22 - 2' edição, 1956).
·
Doutrinas semelhantes são ensinadas pela Igreja da Unificação do Rev. Moon, que desdenha os
cristãos por acharem que foram salvos pelo sangue que Jesus verteu na cruz,
chegando a dizer que os que assim ensinam estão enganados. Dizem: Como tem
sido vasto o número de cristãos, durante os 2000 anos de história cristã, que
tinham plena confiança de terem sido completamente salvos pelo sangue da
crucificação de Jesus!13
·
As Testemunhas
de Jeová ensinam que a redenção de Cristo oferece apenas a
oportunidade para alguém alcançar sua própria salvação por meio das obras.
Jesus simplesmente abriu o caminho. O restante é com o homem. Uma de suas obras
diz: Trabalhamos arduamente com o fim de obter nossa própria salvação.14
Outra declaração: Somos salvos por mais do que apenas crer na mensagem
do Reino de todo o nosso coração; também temos de declarar publicamente esta
mensagem do reino a outros, para que estes também possam ser salvos para o novo
mundo de Deus ("Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado", p. 249
STV).
Ø
Resposta Apologética:
·
A Bíblia declara que todo aquele que nega a existência do
pecado está mancomunado com o diabo, o pai da mentira (Jo 8.44 comparado com 1
Jo 1.8). A eficácia do sangue de Cristo para cancelar os pecados nos é
apresentada como a mensagem central da Bíblia. E a base do perdão dos pecados
(Ef 1.7; 1 Jo 1.7-9; Ap 1.5).
·
Com respeito à salvação pelas obras, a Bíblia é clara ao
ensinar que somos salvos pela graça, por meio da fé, e isso não vem de nós,
é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8-9).
Praticamos boas obras não para sermos salvos, mas porque somos salvos em Cristo
Jesus, nosso Senhor.
·
As obras são o resultado da salvação, não o seu agente. O
valor das obras está em nos disciplinar para a vida cristã (Hb 12.5-11; 1 Co
11.31-32). Paulo declara em Cl 2.14-17 que o sábado semanal fazia parte das
ordenanças da lei que foram cravadas na cruz e que não passavam de sombras,
indicando assim que o verdadeiro descanso encontramos em Jesus (Mt 11.28-30).
4. Divisão: Dividem a fidelidade entre Deus e a organização. Desobedecer à organização ou à Igreja equivale a desobedecer a Deus. Não existe salvação fora do seu sistema religioso, da própria organização ou igreja.
·
Quase todas as seitas pregam isso, sobretudo as
pseudocristãs, que se apresentam como a restauração do Cristianismo primitivo,
que, segundo ensinam, sucumbiu à apostasia, afastando-se dos verdadeiros
ensinos de Jesus. Acreditam que, numa determinada data, o movimento apareceu
por vontade divina para restaurar o que foi perdido. Daí a ênfase de
exclusividade. Outras, quando não pregam que não integram o Cristianismo
redivivo, ensinam que todas as religiões são boas, e que a sua somente será
responsável por unir todas as demais. Dizem que segundo o plano de Deus ela foi
criada para esse fim, como é o caso da fé Bahá’í e outros movimentos
ecléticos.
Ø
Resposta Apologética:
·
O ladrão arrependido ao lado de Jesus na cruz entrou no Céu
sem ser membro de nenhuma dessas seitas (Lc 23.43), pois o pecador é salvo
quando se arrepende (Lc 13.3) e aceita a Jesus como Salvador único e pessoal
(At 16.30-31). Desse modo, ensinar que uma organização religiosa possa salvar é
pregar outro evangelho (2 Co 11.4; Gl 1.8). Isso implica dividir a
fidelidade a Deus com a fidelidade à organização e tira de Jesus a sua
exclusividade de conduzir-nos ao Pai (Jo 14.6). Não há salvação sem Jesus (At
4.12; 1 Co 3.11).
Outras Características
·
Falsas
profecias: As Testemunhas de Jeová, os adventistas, os mórmons e
outros já proclamaram o fim do mundo para datas específicas.
Ø
Resposta Apologética:
·
A Bíblia nos adverte contra os que marcam datas para eventos
como fechamento da porta da graça, a vinda de Jesus (Dt 18.20-22; Mt 24.23-25;
Ez 13.1-8; Jr 14.14).
·
Negam a
ressurreição corporal de Cristo, admitindo que Jesus Cristo tenha ressuscitado
apenas em espírito: As Testemunhas de Jeová, Ciência Cristã, Igreja da
Unificação, Kardecismo ensinam uma ressurreição espiritual de Jesus, afirmando
que seu corpo físico simplesmente foi escondido, ou que se evaporou; outros
dizem que nem sequer ressuscitou (LBV), e ainda outros não acreditam que tenha
morrido na cruz (Rosa cruz, Islamismo etc).
Ø
Resposta Apologética:
·
Quanto à morte e ressurreição de Jesus, a Bíblia afirma que:
1. Jesus
morreu realmente. Eis o processo de sua morte:
a) A agonia no
Getsêmani (Lc 22.44);
b) Açoitado
brutalmente (Mt 27.26; Mc 15.15; Jo 19.1);
c) Mãos e pés
cravados na cruz (Mt 27.35; Mc 15.24);
d) Morte
comprovada (Jo 19.33-34);
e) Sepultamento
(Jo 19.38-40).
2. Ressuscitou corporalmente:
a) Ressurreição
predita (Jo 2.19-22);
b) O túmulo vazio
comprova a ressurreição (Lc 24.1-3);
c) Suas aparições
(Lc 24.36-39; Jo 20.25-28).
3 .Negar a ressurreição de Jesus é ser falsa testemunha contra Deus, pois:
a) Essa é a
mensagem do Evangelho (1 Co 15.14-17);
b) A expressão Filho
do Homem designa a forma da sua
segunda vinda e testifica que Jesus mantém seu corpo
ressuscitado (At 7.55-59; Mt 24.29-31; Fp 3.20-21);
segunda vinda e testifica que Jesus mantém seu corpo
ressuscitado (At 7.55-59; Mt 24.29-31; Fp 3.20-21);
c) Jesus com
corpo glorificado está no céu (1 Tm 2.5).
UNIDADE 03. Textos apologéticos em debate:
1
TESSALONICENSES 4:13 - Paulo
ensinou a doutrina de que a alma dorme?
PROBLEMA: Diversas vezes a Bíblia
refere-se aos mortos como se estivessem dormindo. Isso quer dizer que a alma
não fica consciente entre a morte e a ressurreição?
SOLUÇÃO: As almas tanto dos crentes como
dos que morrem como incrédulos ficam conscientes entre a morte e a
ressurreição. Os incrédulos ficam em consciente aflição (veja Lc 16:23; Mc
9:48; Mt 25:41) e os crentes, numa consciente felicidade. O verbo
"dormir" é uma referência ao corpo, não à alma. E dormir é uma
apropriada figura de linguagem paira expressar a morte do corpo, já que a morte
é temporária até a ressurreição, quando o corpo será "despertado" desse
sono.
As evidências de que a alma
(espírito) fica consciente entre a morte e a ressurreição são muito forte:
1. Enoque foi tomado para estar
com Deus (Gn 5:24; Hb 11:5).
2. Davi falou da felicidade que
há na presença de Deus depois da morte (SI 16:10-11).
3. Elias foi tomado ao céu (2
Rs 2:1).
4. Moisés e Elias estavam
conscientes no Monte da Transfiguração (Mt 17:3), muito tempo depois de quando
viveram na terra.
5. Jesus disse que iria ao Pai
no dia em que morreu (Lc 23:46).
6. Jesus prometeu ao ladrão que
se arrependeu que este estaria consigo no paraíso naquele mesmo dia em que
morreu (Lc 23:43).
7. Paulo disse que era muito
melhor morrer e estar com Cristo (Fp l: 23).
8. Paulo afirmou que quando
deixamos "o corpo", então habitamos "com o Senhor" (2 Co
5:8).
9. O autor de Hebreus refere-se
ao céu como sendo um lugar onde os "espíritos dos justos" são
"aperfeiçoados" (Hb 12:23).
10. As "almas" dos
mártires que morreram durante a tribulação estavam conscientes no céu, cantando
e orando a Deus (Ap 6:9).
GÊNESIS 22:2 -
Por que Deus pediu a Abraão que sacrificasse seu filho, tendo o próprio Deus
condenado o sacrifício humano em Levítico 18 e 20?
PROBLEMA: Tanto em
Levítico 18:21 como em 20:2, Deus especificamente condenou o sacrifício humano,
ao ordenar a Israel: "E da tua descendência não darás nenhum para
dedicar-se a Moloque" (Lv 18:21); e "Qualquer dos filhos de Israel...
que der de seus filhos a Moloque, será morto; o povo da terra o
apedrejará" (Lv 20:2). Contudo, em Gênesis 22:2, Deus ordenou a Abraão:
"Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de
Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te
mostrarei". Isso parece estar em total contradição com o seu mandamento
para não oferecer sacrifícios humanos.
SOLUÇÃO: Primeiro, Deus
não estava interessado em que Abraão viesse de fato a matar o seu filho,
nem era esse o seu plano. O fato de o anjo do Senhor ter impedido que Abraão
matasse Isaque (22:12) revela isso. O propósito de Deus foi provar a fé de
Abraão, com o pedido de que entregasse completamente aquele seu único filho a
Deus. O anjo do Senhor declarou que era a disposição de Abraão de
entregar o seu filho, e não o ato de realmente matá-lo que satisfez as
expectativas de Deus com respeito a Abraão. Deus disse explicitamente:
"Não estendas a mão sobre o rapaz... pois agora sei que temes a Deus,
porquanto não me negaste o filho, o teu único filho" (Gn 22:12).
Segundo, as proibições tanto em
Levítico 18:21 como em 20:2 eram especificamente contra o oferecimento de um
filho ao deus pagão chamado Moloque. Portanto não é uma contradição Deus ter
proibido oferendas de vidas a Moloque e ter solicitado a Abraão que oferecesse
o seu filho a si, ao único e verdadeiro Deus. É claro, oferecer um filho em
sacrifício ao Senhor não é o mesmo que oferecê-lo a Moloque, já que o Senhor
não é Moloque. Apenas Deus é soberano sobre toda vida (Dt 32:39; Jó
1:21), e portanto somente ele tem o direito de pedir a vida de alguém. Com
efeito, é Deus que determina o dia da morte de cada um (SI 90:10; Hb 9:27).
Terceiro, Abraão confiou no amor e
no poder de Deus de tal maneira que voluntariamente obedeceu, crendo que o
Senhor ressuscitaria Isaque dentre os mortos (Hb 11:17-19). Isto está implícito
no fato de que, embora Abraão pretendesse matar Isaque, ele disse aos seus
servos: "eu e o rapaz [nós] iremos até lá e, havendo adorado,
voltaremos para junto de vós" (Gn 22:5).
Finalizando, não é moralmente errado
para Deus pedir que sacrifiquemos um filho a ele. Deus mesmo ofereceu o seu
Filho no Calvário (Jo 3:16). De fato, até mesmo o governo de um país muitas
vezes pede ao povo que sacrifique seus filhos pelo país. Certamente Deus tem um
direito bem maior para requerer isso.
ÊXODO 4:21 -
Se foi Deus que endureceu o coração de Faraó, por que este foi então
considerado responsável?
PROBLEMA: A Bíblia cita
Deus dizendo: "eu lhe endurecerei o coração [o coração de Faraó], para que
não deixe ir o povo". Se Deus endureceu o coração de Faraó, então este não
pode ser responsabilizado por seus atos, já que não os praticou segundo a sua
própria vontade, mas por ter sido forçado a isso (cf. 2 Co 9:7; 1 Pe 5:2).
SOLUÇÃO: Deus não
endureceu o coração de Faraó contrariamente ao que o próprio Faraó por sua
livre vontade determinou. A Escritura deixa claro que Faraó endureceu o seu
coração. Ela declara que "o coração de Faraó se endureceu" (Êx 7:13),
que Faraó "continuou de coração endurecido" (Êx 8:15) e que "o
coração de Faraó se endureceu"(Êx 8:19). Novamente, quando Deus enviou a praga
das moscas, "ainda esta vez endureceu Faraó o coração" (Êx 8:32).
Esta frase, ou uma equivalente, é repetida vez após vez (cf. Êx 9:7, 34-35).
De fato, exceto quando Deus o que
aconteceria (Êx 4:21), Faraó foi quem endureceu o seu próprio coração em
primeiro lugar (Êx 7:13; 8:15 ; 8:32 etc), e só mais tarde Deus o endureceu
(cf. Êx 9:12; 10:1, 20, 27).
Além disso, o sentido em que Deus
endureceu o coração de Faraó é semelhante ao modo pelo qual o sol endurece o
barro ou derrete a cera. Se Faraó tivesse sido receptivo às advertências de
Deus, o seu coração não teria sido endurecido por Deus. Mas quando Deus dava
alívio de cada praga, Faraó tomava vantagem da situação. "Vendo, porém,
Faraó que havia alívio, continuou de coração endurecido, e não os [a Moisés e
Arão] ouviu, como o Senhor tinha dito" (Êx 8:15).
A questão pode ser resumida como se
segue: Deus endurece o coração?
Deus
não endurece o coração
|
Deus
endurece o coração
|
Inicialmente
|
Subsequentemente
|
Diretamente
|
Indiretamente
|
Contra o livre arbítrio da pessoa
|
Por meio do próprio livre arbítrio
|
Como sua causa
|
Como seu efeito
|
(Veja também a abordagem feita em Romanos
9:17.)
ÊXODO 20:8-11
- Por que os cristãos fazem culto no domingo, já que o mandamento separa o dia
de sábado como o dia para o culto a Deus?
PROBLEMA: Este
mandamento estabelece que o sétimo dia da semana, o sábado, é o dia que
o Senhor escolheu como o dia de descanso e de culto. Entretanto, no NT a igreja
cristã começou a cultuar e a descansar no primeiro dia da semana, no domingo.
Os cristãos não estão violando o mandamento do sábado por cultuarem a Deus no
primeiro dia da semana, e não no sétimo dia?
SOLUÇÃO: Primeiro, a
base para o mandamento de observar o sábado, como estabelecido em Êxodo 20:11,
é que Deus descansou no sétimo dia, depois de seis dias de trabalho, e que ele
abençoou e santificou o sétimo dia. O dia do sábado foi instituído como um dia
de descanso e culto. O povo de Deus deveria seguir o exemplo do próprio Deus,
no seu trabalho e descanso. Entretanto, como Jesus disse, corrigindo a visão
distorcida dos fariseus, "O sábado foi estabelecido por causa do homem, e
não o homem por causa do sábado" (Mc 2:27). O que Jesus quis dizer é que o
sábado não foi instituído para escravizar as pessoas, mas para beneficiá-las. O
espírito da observância do sábado é preservado no NT com a observância do
descanso e do culto no primeiro dia da semana.
Segundo, deve-se lembrar que, de
acordo com Colossenses 2:17, o sábado era uma "sombra das coisas que
haviam de vir; porém o corpo é de Cristo". A observância do sábado
estava associada com a redenção citada em Deuteronômio 5:15, onde Moisés
determinou: "porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que
o Senhor teu Deus te tirou dali com mão poderosa, e braço estendido: pelo que o
Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado". O sábado era
uma sombra da redenção que viria com Cristo; simbolizava o descanso de nossas
obras e a entrada no descanso que Deus propiciou com a sua obra consumada.
Finalmente, embora os princípios
morais expressos nos mandamentos sejam reafirmados no NT, o mandamento de
separar o sábado como o dia de descanso e de culto a Deus é o único mandamento
que não é repetido. Há muito boas razões para isso. Os crentes do Novo
Testamento não estão debaixo da Lei do AT (Rm 6:14; Gl 3:24-25). Pela
ressurreição de Jesus no primeiro dia da semana (Mt 28:1), por suas contínuas
aparições em vários domingos (Jo 20:26), e pela descida do Espírito Santo num
dia de domingo (At 2:1), a igreja primitiva passou a cultuar no domingo, regularmente
(At 20:7; 1 Co 16:2).
O culto no domingo foi ainda
consagrado pelo Senhor quando ele apareceu a João naquela última grande visão
"no dia do Senhor" (Ap 1:10). É por estas razões que os
cristãos cultuam no domingo, em vez de o fazerem no sábado dos judeus.
ISAÍAS 45:7 -
Deus é o autor do mal?
PROBLEMA: De acordo com
este versículo, Deus forma a luz e cria as trevas, faz a paz e cria o mal (cf.
também Jr 18:11 e Lm 3:38; Am 3:6). Mas muitos outros textos das Escrituras nos
informam que Deus não é mau (1 Jo 1:5), que ele não pode nem mesmo ver o mal
(Hc 1:13), nem pode ser tentado pelo mal (Tg 1:13).
SOLUÇÃO: A Bíblia é
clara ao dizer que Deus é moralmente perfeito (cf. Dt 32:4; Mt 5:48), e que lhe
é impossível pecar (Hb 6:18). Ao mesmo tempo, sua absoluta justiça exige que
ele puna o pecado. Este juízo assume ambas as formas: temporal e eterna (Mt
25:41; Ap 20:11-15).
Na
sua forma temporal, a execução da justiça de Deus às vezes é chamada de
"mal", porque parece ser um mal aos que estão sujeitos a ela (cf. Hb
12:11). Entretanto, a palavra hebraica correspondente a "mal" (rá)
empregada no texto nem sempre tem o sentido moral. De fato, o contexto
mostra que ela deveria ser traduzida como "calamidade" ou
"desgraça", como algumas versões o fazem (por exemplo, a BJ). Assim,
se diz que Deus é o autor do "mal" neste sentido, mas não no sentido
moral - pelo menos não de forma direta.
Além
disso, há um sentido indireto no qual Deus é o autor do mal em seu sentido
moral. Deus criou seres morais com livre escolha, e a livre escolha é a origem
do mal de ordem moral no universo. Assim, em última instância Deus é
responsável por fazer criaturas morais, que são responsáveis pelo mal de ordem
moral. Deus tornou o mal possível ao criar criaturas livres, mas estas
em sua liberdade fizeram com que o mal se tornasse real. E claro que a
possibilidade do mal (i.e., a livre escolha) é em si mesma uma boa coisa.
Portanto, Deus
criou apenas boas coisas, uma das quais foi o poder da livre escolha, e as
criaturas morais é que produziram o mal. Entretanto, Deus é o autor de um
universo moral, e neste sentido indireto, ele, em última instância, é o autor
da possibilidade do mal. É claro, Deus apenas permitiu o mal, jamais o
promoveu, e por fim irá produzir um bem maior através dele (cf. Gn 50:20;
Ap
21-22).
A
relação de Deus com o mal pode ser resumida da seguinte maneira:
DEUS NÃO É O
AUTOR DO MAL
|
DEUS É O
AUTOR DO MAL
|
No sentido
de pecado
|
No sentido
de calamidade
|
Mal de ordem
moral
|
Mal de ordem
não moral
|
Perversidade
|
Pragas
|
Diretamente
|
Indiretamente
|
Concretização
do mal
|
Possibilidade
do mal
|
OSÉIAS 1:2 -
Como um Deus que é santo, que condena o meretrício, pôde ordenar a Oséias que
se casasse com uma prostituta?
PROBLEMA: Deus ordenou a
Oséias: "Vai, toma uma mulher de prostituições". Entretanto, de
acordo com Êxodo 20:14, o adultério é pecado; e, de acordo com 1 Coríntios
6:15-18, ter relações sexuais com uma prostituta é imoral (cf. Lv 19:29). Como
um Deus que é santo pôde ordenar a Oséias que tomasse uma prostituta como
esposa?
SOLUÇÃO: Alguns
eruditos tentaram contornar essa dificuldade, declarando que se trata de uma alegoria.
Entretanto, já que Deus obviamente pretendia fazer disso uma ilustração
dramática para Israel de sua infidelidade para com Ele (cf. 1:2), nada há no
texto que nos possa dar a entender que essa situação não seja literal. Se assim
não fosse, ela não teria efeito algum como ilustração da infidelidade do povo
de Israel.
Considerando-a
literalmente, não há contradição com nenhuma outra passagem das Escrituras,
por várias razões. Em primeiro lugar, quando Deus ordenou que Oséias tomasse
Gômer, filha de Diblaim, como sua esposa, pode até ser que ela ainda não
tivesse se prostituído. Entretanto, Deus sabia o que se achava no coração dela,
e sabia que ela acabaria sendo infiel a Oséias. Isso é semelhante a quando o
anjo do Senhor chamou Gideão de "homem valente" antes de ele ter
lutado quer uma batalha (Jz 6:11-12). Deus sabia que Gideão iria tornar-se i
grande líder em Israel, mesmo não sendo ele ninguém, ainda. Deus ordenou que
Oséias tomasse como mulher alguém que ele sabia que se tornaria uma prostituta
porque queria ilustrar o adultério espiritual que I rael cometera contra o
Senhor.
Quando
Deus tirou Israel do Egito, eles constituíam uma nação no-vinha em folha. Ela
ainda não quebrara a aliança que Deus estabeleceria com ela no deserto. Assim
como Israel havia cometido adultério espiritual através da adoração de outros
deuses, também Gômer cometeria adultério físico, tendo relações com outros
homens. O relacionamento entre Oséias e Gômer era uma lição objetiva para toda
a nação de Israel.
Segundo,
esta passagem não desconhece a prostituição como pecado. De fato ela é uma
forte condenação da prostituição, tanto física como espiritual (idolatria) (cf.
4:11-19). O fato de o grave pecado da idolatria ser descrito como uma
prostituição revela a desaprovação de Deus quanto a essa prática.
Terceiro,
Oséias recebeu a ordem para casar-se com uma prostituta, e não para
adulterar com ela. Deus disse: "Vai, toma por esposa uma mulher de
prostituições" (Os 1:2, R-IBB). Deus não lhe disse que fosse cometer
fornicação com ela. Pelo contrário,
disse-lhe que se casasse com ela, que fosse fiel a ela, mesmo que ela lhe
viesse a ser infiel. Isso não apenas não viola o compromisso do casamento, mas
na verdade o valoriza. Oséias deveria manter-se fiel aos seus votos de
casamento mesmo que sua mulher viesse a ser infiel aos dela.
Quarto,
o mandamento de Levítico 21:14, proibindo o casamento com uma prostituta, foi
dado aos sacerdotes levitas, e não a todos. Salmom aparentemente casou-se com a
prostituta Raabe (Mt 1:5), de cuja genealogia legal veio Cristo. Seja como for,
Oséias era um profeta, não um sacerdote levítico, não se aplicando a ele,
portanto, a proibição do casamento com uma prostituta.
Finalmente,
o mandamento de 1 Coríntios 6:16, de não se unir a uma prostituta, não é um
mandamento para não se casar com alguém que tenha sido uma prostituta. Não, o
mandamento é dirigido àqueles que vinham tendo relações sexuais fora do
casamento. Mas Oséias não teve relações sexuais fora do casamento. Deus ordenou
que ele se casasse com Gômer e que sempre fosse fiel a ela.
PROBLEMA: Nesse
versículo Jesus refere-se a João Batista como "Elias, que estava para
vir" (cf. Mt 17:12; Mc 9:11-13). Mas, já que Elias havia morrido muitos
séculos antes, João então seria uma reencarnação de Elias.
SOLUÇÃO: Há muitas
razões pelas quais esse versículo não ensina a reencarnação. Em primeiro lugar,
João e Elias não foram o mesmo ser - eles tiveram a mesma função. Jesus não
estava ensinando que João Batista literalmente era Elias, mas apenas que João
veio "no espírito e poder de Elias" (Lc 1:17), ou seja, para
continuar o seu ministério profético.
Em
segundo lugar, os discípulos de Jesus entenderam que ele estava falando de João
Batista, já que Elias apareceu no monte da Transfiguração (Mt 17:10-13). Àquela
altura, depois da vida e da morte de João Batista, e já que Elias ainda tinha o
mesmo nome e autoconsciência, ele obviamente não tinha se reencarnado em João
Batista.
Em
terceiro lugar, Elias não se enquadra dentro do modelo da reencarnação por uma
outra razão: é que ele não morreu. Ele foi tomado ao céu como Enoque, que
"foi trasladado para não ver a morte" (2 Rs 2:11; cf. Hb 11:5). De
acordo com o falso ensino da reencarnação, o que tradicionalmente é dito é que
uma pessoa tem de morrer primeiro, para depois reencarnar-se num outro corpo.
Em
quarto lugar, se houver qualquer dúvida quanto a essa passagem, ela deverá ser
entendida à luz do claro ensino das Escrituras contra a reencarnação. O autor
de Hebreus, por exemplo, declara que "aos homens está ordenado morrerem
uma só vez, vindo, depois disto, o juízo" (Hb 9:27; cf. Jo 9:2)
1 PEDRO 3:19 - Pedro apóia a ideia de que uma pessoa pode ser
salva depois da morte?
PROBLEMA: Em 1 Pedro 3:19 lemos que, após a morte, Cristo "foi e
pregou aos espíritos em prisão". Mas a Bíblia diz também que "aos
homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo 9:27”.
Esses dois versículos parecem ensinar posições mutuamente opostas.
SOLUÇÃO: A Bíblia é clara quanto a não haver uma segunda oportunidade
para a salvação, depois da morte (cf. Hb 9:27). O livro do Apocalipse registra
o Julgamento do Grande Trono Branco, no qual aqueles cujos nomes não são
encontrados no livro da vida são lançados no lago de fogo (Ap 20:11-15).
Lucas nos
informa de que, depois da morte, a pessoa vai ou para o céu (para o seio de
Abraão) ou para o inferno, e há posto um grande abismo entre o céu e o inferno,
de forma que "os que querem passar" de um lado para o outro "não
podem" (Lc 16:26). Toda a urgência que há de se responder a Deus nesta
vida, antes da morte, dá ainda um respaldo adicional ao fato de que não há
esperança além do túmulo (cf. Jo 3:36; 5:24).
Há outros
modos de se entender essa passagem, sem o envolvimento de uma segunda
oportunidade de salvação após a morte. Alguns alegam que não está claro que a
frase "espíritos em prisão" seja uma referência a seres humanos,
argumentando que em parte alguma da Bíblia essa expressão é aplicada a
seres humanos no inferno. Declaram que esses espíritos são anjos caídos, já que
os "filhos de Deus" (anjos caídos, veja Jó 1:6;2:1; 38:7) foram
"desobedientes... nos dias de Noé (1 Pe3:20; cf. Gn 6:1-4).
Pedro pode
estar se referindo a isso em 2 Pedro 2:4, onde ele menciona os anjos pecando,
imediatamente antes de referir-se ao dilúvio (v. 5). Em resposta, argumenta-se
que os anjos não se casam (Mt 22:30), e que certamente eles não poderiam
relacionar-se em casamento com os seres humanos, já que, sendo espíritos, eles
não têm os órgãos reprodutivos.
Uma outra
interpretação é que essa seja uma referência a uma proclamação de Cristo, feita
aos espíritos dos que já passaram, quanto ao triunfo de sua ressurreição,
declarando-lhes a vitória que ele alcançou por sua morte e ressurreição, como é
indicado no versículo precedente (veja l Pe 3:18).
Alguns sugerem
que Jesus não ofereceu esperança alguma de salvação àqueles "espíritos em
prisão". Apontam para o fato de que o texto não diz que Cristo os
evangelizou, mas que simplesmente proclamou-lhes a vitória da sua
ressurreição. Insistem em que não há nada nessa passagem que afirme ter havido
uma pregação do evangelho aos que estão no inferno.
Em resposta a
essa posição, outros observam que bem no capítulo seguinte Pedro, aparentemente
dando continuidade a esse assunto, diz que "foi o Evangelho pregado também
a mortos" (1 Pe 4:6). Essa posição corresponde ao contexto da passagem em
questão, está de acordo com o ensino de outros versículos (cf. Ef 4:8; Cl 2:15)
e evita os maiores problemas da outra posição.
MATEUS 26:34
(cf. Mc 14:30) - Quando Pedro negou a Cristo, o galo cantou uma ou duas vezes?
PROBLEMA: Mateus e João
(13:38) dizem que antes que o galo cantasse uma vez, Pedro negaria o Senhor
três vezes. Marcos, porém, afirma que Pedro o negaria por três vezes antes de o
galo cantar duas vezes. Qual dos relatos está correto?
SOLUÇÃO: Não há
contradição entre os dois relatos porque, conforme as palavras realmente
expressas nos textos, Mateus e João não afirmam quantas vezes o galo cantaria.
Eles apenas dizem que Pedro negaria Cristo três vezes "antes que o galo
cante", sem dizer quantas vezes o galo cantaria. Marcos possivelmente
esteja sendo mais específico, afirmando com exatidão quantas vezes o galo
cantaria.
É
também possível que a diferença entre os relatos seja devida a um erro de um
copista no livro de Marcos, que resultou na inserção de "duas vezes"
em manuscritos antigos (em Mc 14:30,72). Isso explicaria por que alguns
manuscritos importantes de Marcos mencionam apenas u m canto do galo, tal como
em Mateus e João, e por que aparece a expressão "duas vezes" em
diferentes lugares, em alguns manuscritos.
INTRODUÇÃO:
O
caso de Saul e a feiticeira de En-Dor, em 1 Samuel 28, tem gerado muita
polêmica e muitas especulações. Como professor, já por vários anos, tenho sido
questionado nos seminários que tenho ministrado acerca deste caso.
Nossa posição é que não foi
Samuel quem apareceu para Saul e, sim, houve ali uma manifestação de outro
espírito ou fraude. A seguir analisaremos o caso.
I - Antes do
encontro
O
motivo que levou esse rei a recorrer à "médium", "mãe de
santo", "macumbeira", pessoa que consultava os mortos para
resolver o seu problema, é o mesmo motivo que leva hoje milhões de brasileiros
a buscarem uma solução para os seus problemas no Espiritismo, apesar de Saul
saber que Deus não admitia esse procedimento.
·
Foi o desespero a causa
principal,
pois os inimigos de Israel, os filisteus, estavam prestes a atacar os
israelitas, e quando viu o acampamento dos seus inimigos, com seu aparato
militar, "foi tomado de medo, e muito se estremeceu o seu coração"
(versículo 5). Após ter-lhe sido recusada a resposta divina foi que ele então
procurou a médium.
Saul
estava desesperado, perturbado espiritualmente, porque Deus não lhe respondia
de forma alguma, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas. Em outras
palavras, O Senhor não lhe respondeu nem pessoalmente (por sonhos), nem por
através dos sacerdotes (Urim) - os responsáveis pela intercessão do povo diante
de Deus - e nem pelos profetas, os instrumentos de Deus para revelar sua
vontade aos homens.
Temos
aqui um argumento Gramatical (verso 6): “o Senhor... não lhe respondeu.” O
verbo hebraico é completo e categórico. Na situação presente de Saul, Deus não
lhe respondeu, não lhe responde e não lhe responderá nunca. O fato é confirmado
pela frase: ““... Saul... interrogara e consultara uma necromante e não ao Senhor.
' (um Cr 10.13-14).
Se
Deus não havia lhe respondido pelos métodos tradicionalmente corretos, porque
Deus agora lhe respondia através de uma sessão mediúnica? Porque Deus mudaria
de ideia? Creio que Deus não lhe responderia em nenhuma circunstância.
Antes
da morte de Samuel, Saul havia desterrado os médiuns e os adivinhos, porém
quando Saul procurou a "médium", Samuel já estava morto (um Samuel
25.1). Deus o rejeitara, pois o Espírito de Deus havia se afastado dele
conforme 1 Samuel 16.14.
II - O encontro
com a feiticeira
O
capítulo 28 trata da suposta sessão espírita, em que o rei estava desesperado,
atormentado, com urgência, porque os filisteus estavam próximos e o rei Saul
sabia que era pecado, desobediência a Deus, consultar pessoas envolvidas com
feitiçaria, espiritismo e consulta aos mortos, (Êxodo 22:18, 1 Samuel 28:3).
Foi como se Saul dissesse: "Se Deus não me responde, então o diabo vai me
responder". E ele fez isso.
A
crônica de 7-25 fora escrita por uma testemunha ocular: logo, por um dos servos
de Saul que o acompanhara à necromante (7,8). Frequentemente, esses servos eram
estrangeiros (21.7; 26.6; 2 Sm 23.25-39) e quase sempre supersticiosos, crentes
no erro (7) - razão por que o seu estilo é tão convincente. Assim devemos ler o
relato compreendendo que este foi registrado na perspectiva da testemunha
ocular. O simples relato não garante que a aparição de Samuel tenha sido
autêntica.
Esta
crônica que é parte da história de Israel, pela determinação divina, entrou no
Cânon Sagrado. E deve estar lá, como lá estão os discursos dos amigos de Jó
(42.7), as afirmações do autor de "debaixo do sol" (Ec3. 19; 5.18;
9.7,9, 10, etc.), a fala da mulher de Tecoa (2 Sm 14.2-21), etc. - palavras e
conceitos humanos. (Infelizmente, esta crônica é interpretada por muitos sob o
mesmo ponto de vista do servo de Saul).
Provavelmente,
o servo de Saul, acreditava no poder da "mãe de santo" e sabia muito
bem onde ela poderia ser encontrada. Portanto provavelmente os fatos da sessão
espírita foram registrados por alguém que não era temente a Deus. Assim Saul
apelou à médium de En-Dor como o último recurso de um desesperado, em flagrante
violação de uma lei divina que ele mesmo anteriormente procurara cumprir.
A
própria médium sentiu-se receosa quando descobriu a identidade de Saul, que se
apresentara a ela disfarçado. Depois de o rei ter-lhe assegurado que nenhum mal
lhe aconteceria, a mulher deu início à sessão, evocando a presença de Samuel a
pedido de Saul. É necessário notar que o rei não viu o pretenso Samuel que se
manifestou na ocasião (versículo13).
Analisando-se
o caso, não negamos a sinceridade da mulher ao relatar o que estava vendo,
(11-14). Nem tão pouco recorremos à interpretação parapsicológica (que é
possível), mas diretamente à Bíblia que, em si mesma, tem os argumentos
necessários para desmentir as afirmações do servo de Saul. Antes, porém,
vejamos a palavra médium (heb), que é traduzida em outras versões por
"espírito adivinhador", ou "espírito familiar" e no texto
grego (LXX) por (engastrimuthos) "ventríloquo" (um de fala
diferente), palavra que indica a espécie de pessoa usada por um desses
"espíritos".
III - Descrevendo
a sessão
Examinemos
um Argumento Ontológico: Deus se identificou como Deus dos vivos: de Abraão, de
Isaque, de Jacó, etc., (Êx 3.15; Mt. 22.32). Nenhum deles perdeu a sua
personalidade, integridade, ou superego. Seria Samuel o único a poluir-se, indo
contra a natureza do seu ser, contra Deus (verso 6) e contra a doutrina que ele
mesmo pregara (15.23), quando em vida nunca o fez? Impossível.
O
pecado de Samuel tornar-se-ia mais grave ainda, por ter ele estado no
"seio de Abraão" e tendo recebido uma revelação superior e um
conhecimento mais exato das coisas encobertas, e, por não tê-las considerado,
nem obedecido as ordens de Deus (Lc 16.27-31). Mas Samuel nunca desobedeceu a
Deus (12.3-4).
Durante
a sessão espírita, em momento algum, a Bíblia diz que o rei Saul viu com os
seus próprios olhos, o "profeta Samuel", como afirma a Bíblia:
"Entendendo Saul que era Samuel..." Quando ele perguntou à mulher:
"Que vês?", ela respondeu: "Vejo um deus que sobe da terra"
(versículo 13). Insatisfeito com a resposta, ele inquiriu novamente: "Como
é a sua figura?", ao que ela respondeu: "vem subindo um ancião, e
está envolto numa capa". A narrativa bíblica diz então que
"entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se
prostrou" (versículo 14) [Ênfase acrescentada] Saul deduziu que o vulto
que subia da terra, ao qual ele não via, era o profeta Samuel.
É
importante observar aqui, que apenas a médium alega estar vendo algo. As
conclusões de Saul apoiam-se nas declarações da médium, que entendemos faltar
com a verdade. Saul nada viu ou ouviu. Ele foi induzido pelas afirmações da
mulher.
Assim
como acontece numa sessão espírita, o médium fala como se fosse a própria
pessoa falecida, as pessoas não conseguem ver, mas somente ouvir a voz do
espírito que fala por intermédio do médium. No caso, por exemplo, de Chico
Xavier, ninguém ouve nem vê, mas simplesmente recebe a mensagem psicografada,
ou seja, escrita.
Vejamos
um Argumento Doutrinário: Consulta: os "espíritos familiares" são
condenados pela Bíblia inteira (vet 28.3). Fossem os espíritos de pessoas, e
Deus teria regulamentado a matéria, mas como não são. Deus o proibiu. Aceitando a profecia do pseudo-Samuel,
cria-se uma nova doutrina, que é a revelação divina mediante pessoas ímpias e
polutas. E nesse caso, para serem aceitas as afirmações proféticas, como
verdades divinas são necessárias que sejam de absoluta precisão; o que não
acontece no caso presente (Vejam como são precisas as profecias a respeito de
Cristo: Zc 9.9; SI22. 18 e jo19. 24; SI 69.21. Ex 12.46; Nm 9.12; SI 34.20 e Jo
19.36; Zc 12.10; Jo 19.37. etc.).
IV - Analisando
as profecias de "Samuel"
A
profecia do falso Samuel, isto é, acerca do que iria acontecer na vida de Saul
foi clara, como se vê no versículo 19: "O SENHOR entregará também a Israel
contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o
acampamento de Israel o Senhor entregará na mão dos filisteus" Essa profecia não se cumpriu na íntegra,
conforme passaremos a observar: Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus;
ele se suicidou (1 Samuel 31:4) e seu corpo foi recolhido do campo de batalha
pelos moradores de Jabes-Gileade (1 Samuel 31:11-13).
Também não
morreram todos os filhos de Saul
- este tinha seis filhos e três deles sobreviveram. Morreram na batalha
Jônatas, Abinadabe e Malquisua (2 Samuel 31:8-10; 21:8). Esses fatos tornam
essa profecia uma flagrante contradição com o testemunho divino a respeito de
Samuel, pois está escrito que "o Senhor era com ele, e nenhuma das sua
palavras deixou cair em terra" (1 Samuel 3:19).
É
claro, portanto, que não foi Samuel quem se manifestou em En-Dor. Tudo não
passou de uma fraude ou de artimanha de um espírito maligno.
Mas
suponhamos que os críticos desta tese que estamos desenvolvendo estejam certos.
Suponhamos que Samuel tenha vindo do seio de Abraão para falar com Saul. Então
Samuel diz: “... amanhã tu e teus filhos estareis comigo”. Neste caso, como
poderíamos explicar que um suicida, como Saul, poderia estar ao lado de Samuel
no seio de Abraão após extinguir a sua própria vida? Seria uma incoerência
muito grande e desrespeito de Samuel para com o Senhor garantir a um suicida
seu lugar junto ao seio de Abraão.
Porém,
a palavra “Amanha, tu e teus filhos estareis comigo”, deve ser visto como uma
promessa que vem de um espírito de engano vindo do inferno, que esta dizendo a
Saul: “amanhã, tu e teus filho estareis comigo”..., (no inferno, deduzo eu).
V - Saul e Samuel
no mesmo lugar?
O suposto Samuel
disse a Saul, "... amanhã tu e teus fihos estareis comigo" (1 Samuel 28.19). Saul ao
morrer, não foi para o mesmo lugar onde estava o verdadeiro Samuel, pois este
se encontrava no paraíso no Sheol, conforme prometido por Deus em sua Palavra
àqueles que o temem (conforme Lucas 16:19-31). Sobre o rei Saul, entretanto,
foi pronunciado o juízo divino: na Bíblia encontra-se explicitada a causa de
sua morte.
"Assim
morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o Senhor, por causa
da palavra do Senhor, a que ele não guardara; e também porque interrogara e
consultara uma necromante". 1 Crônicas 10.13
VI - Conclusão
Admitir-se
que o profeta Samuel apareceu naquela sessão espírita e conversou com o rei
Saul é negar a moral de Deus. Se o Espírito do Senhor se afastara do rei Saul,
se Deus não lhe respondera mais, ou seja, Deus não lhe respondia pelos meios
legais, e se o profeta Samuel nunca mais o procurou até o dia em que faleceu,
(1 Samuel 15:35), será que o nosso Deus permitiria que Samuel falasse com Saul
numa sessão espírita proibida por Ele, e através de "mãe de santo",
uma "médium"?
A
desobediência sempre traz o juízo divino. A consulta aos mortos é proibida por
Deus (Dt. 18. 9-12) e qualquer tentativa de se estabelecer contato com eles é
desobediência aos preceitos de Deus, e suas trágicas consequências não se farão
esperar.
Isaías nos
adverte:
"Quando
vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e
murmuram, acaso não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se
consultarão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta
maneira, jamais verão a alva!" (Isaías 8:19, 20).
I. A Era moderna
As opiniões quanto
ao início da era moderna variam. Alguns consideram o Renascimento (séculos XIV
e XV), enquanto que outros optam pelo período do Iluminismo (século XVIII),
conhecido também como o Século das Luzes. Também não há um consenso quanto aos
seus limites, e quanto a uma definição clara do que seja a modernidade. Theo
Donner expressa isso da seguinte maneira:
· Um problema – O pensamento moderno não se resume a uma linha única de pensamento, e sim a uma coletânea de ideias, filosofias e cosmovisões.
Há um problema ao
se falar do pensamento moderno, porque
ele propriamente não existe. Há um conjunto de ideias, filosofias, cosmovisões,
sistemas sociais, etc., e todos têm uma história. É muito difícil dizer em
que consiste a formação de cada um desses aspectos. Quais são os antecedentes
da psicanálise, ou da filosofia existencialista, ou do comunismo moderno? Não
estamos diante de um processo casual, mecânico, no qual podemos discernir
todos os diferentes passos que conduziram à situação atual (além disso, é
bastante difícil entrarmos em acordo quanto a uma definição da situação
atual), antes enfrentamos um emaranhado histórico de fatos, dados, documentos,
correntes, influências, personalidades, etc.
Houve uma mudança de paradigma na era moderna
O que todos
reconhecem é que houve uma mudança de
paradigma de proporções gigantescas, cujas sequelas afetaram profundamente as
cosmovisões, as crenças, o mundo acadêmico e todas as outras áreas dos afazeres
humanos até os nossos dias. Essa foi uma mudança que teve uma influência
importante no cristianismo, inicialmente na Europa e na América do Norte, e
que logo alcançou os nossos países do hemisfério sul.
Características
da Era Moderna
A era moderna caracterizou-se por filosofias e modelos que rompiam com os paradigmas anteriores.
A era moderna
caracterizou-se por um amálgama de filosofias e sistemas epistemológicos que,
embora aparentemente tivessem pouco em comum, relacionavam-se em sua proposta
de modelos novos, que rompiam abertamente com o paradigma anterior.
O projeto moderno propôs uma variedade de normas para aceder à verdade.
Descartes, por
exemplo, destacou o padrão racionalista de ideias claras e bem definidas; as
ciências utilizaram os critérios empíricos, os hegelianos puseram sua esperança
no espírito do Progresso na história; e os românticos apelaram a uma intuição
imediata e pré-reflexiva."
Uma definição de modernidade
O autor colombiano
Fernando Cruz Kronfly define a modernidade como:
"Um processo
global, de natureza econômica
(o nascimento do capitalismo e a consolidação progressiva do princípio de
individualização, capaz de fundar um novo tipo de mentalidade coletiva não
holística mas individualista); de
natureza filosófica (Descartes e o racionalismo); de natureza científica (Galileu, Copérnico, Bruno, fundadores do
heliocentrismo e da possibilidade de matematizar o "céu" e romper com
as velhas tradições geocentristas); de
natureza política (Maquiavel e o processo de dar autonomia à política
diante do sagrado, assim como o começo da formação dos estados nacionais); de natureza até mesmo artística (começo
da perspectiva nas artes plásticas, com Rafael e Leonardo, e fundação de um
novo gênero literário como a novela, precisamente a partir do princípio da
individualização como um novo elemento da mentalidade coletiva)."
A Definição de John Dewey de modernidade
De acordo com John
Dewey (1859 - 1952), o filósofo norte-americano considerado como "o
proponente intelectual mais representativo do espírito da modernidade", èpodemos
entender a modernidade no hemisfério ocidental a partir de quatro mudanças ocorridas
no período Pré-Moderno.
Segundo John Dewey, ocorreram quatro mudanças no período que definimos como moderno:
A
Primeira mudança. O prazer com o natural, sem referência ao sobrenatural.
René Descartes (1596 - 1650), o filósofo e
matemático francês, propôs a ideia do universo como um aparelho mecânico,
composto de matéria e movimento, descrito por leis mecânicas.
Isaque Newton (1642 -1727), na Inglaterra,
elaborou essas leis e forneceu a base para a ideia de um universo que funciona
perfeitamente, por sua própria conta, no qual não há necessidade de que Deus
intervenha. A matéria e as leis físicas são suficientes para explicar toda a
realidade. "Já não havia mais a necessidade de se ter poderes invisíveis
para explicar o movimento no universo. Embora houvesse talvez a necessidade
ainda de um Deus para postulá-lo como o autor de uma lei dentro de um
princípio, uma vez iniciada a lei da gravidade, a mesma explicou suficientemente
todo movimento no universo."
A
Segunda mudança. Em lugar da ênfase medieval na submissão à autoridade
eclesiástica, surge uma crença crescente no poder das mentes individuais,
guiadas por métodos de observação, experiência e reflexão, para alcançar as
verdades necessárias e fundamentais da vida.
Francis Bacon (1561 - 1626), filósofo e
escritor inglês, ao introduzir o método indutivo, rejeitando a dedução, baseia
a ciência na observação e na experiência, dando a estrutura básica para o
método empírico na ciência moderna. Para Bacon, "conhecimento é
poder".
Seu contemporâneo
Descartes, com
sua famosa frase "penso, logo existo", coloca a mente humana como
parâmetro último de análise e descrição da realidade, e põe o centro no
indivíduo como critério absoluto da verdade.
A
grande contribuição de Bacon e Descartes.
Eles contribuem para colocar os alicerces para a ciência moderna e para
o individualismo, como pilares importantes da era moderna. Como foi dito por Alister
McGrath, (Belfast,
23 de janeiro de 1953) teólogo cristão, apologista, "a característica
primária do movimento (o Iluminismo) poderia ser vista na sua afirmação quanto
à total competência da razão humana. A Razão, dizia-se, era capaz de nos dizer
tudo o de que necessitamos saber sobre Deus e sobre a moral."
A
modernidade ofereceu uma alternativa em oposição aos fanatismos do passado. Em oposição às ilusões, aos
preconceitos e ao fanatismo do passado, a modernidade ofereceu a Razão (com R
maiúsculo) para esquadrinhar criticamente cada pretensão e para pôr em terra o
edifício do conhecimento. Não apenas estavam todos os seres racionais de acordo
com a Razão, mas, ainda melhor, a Razão proveu um conjunto de normas e de
critérios para pensar corretamente sobre a realidade, chegando assim à Verdade
Absoluta.
A
terceira mudança que houve, para entender a modernidade, é que o período
moderno caracteriza-se pela sua crença no Progresso.
Dewey expressa
isso da seguinte maneira: "O futuro, e não o passado domina a imaginação.
A idade de ouro está diante de nós e não atrás." Por isso, continua Dewey,
"o homem é capaz, se assim quiser, de aplicar o valor, a inteligência e o
esforço necessários para forjar o seu próprio destino." A era
moderna propôs uma cosmovisão otimista e cheia de confiança nos lucros humanos.
O Progresso não era apenas possível, mas era também inevitável, se apenas
permitíssemos que a Razão tivesse a liberdade de investigar o mundo
cientificamente.
A
maioria dos modelos sociais, políticos, religiosos e ideológicos da época procura
obter a superação humana, o passo a uma etapa superior da história. Tanto o modelo
econômico-político de John Locke (1632 - 1704), como o de Marx (1818 - 1883),
assim como a teoria de Darwin nas ciências naturais e a de Freud nas ciências
humanas, entre outras, propõem uma utopia quando nós, seres humanos, tivermos
superado os obstáculos e as condições atuais, alcançando uma nova sociedade. A canção de Nino Bravo expressa muito bem
esse ideal: "Caminho sem cessar atrás da verdade, e por fim saberei o
que é a liberdade." Há uma verdade a buscar e uma liberdade a obter. O
futuro é promissor.
A
quarta e última mudança proposta por Dewey para entender a modernidade é: "o estudo paciente e
experimental da natureza, dando como resultado inventos que controlem a
natureza e dominem suas forças para o bem da sociedade, é o método pelo qual se
alcança o Progresso."
Na
era moderna, "pessoas autônomas, entendendo cientificamente, controlando e
transformando tecnologicamente o mundo, sem os impedimentos tais como a
tradição, a ignorância, ou a superstição, produzem
o seu próprio remédio. Na era moderna somos nossos próprios salvadores. E
realizamos a nossa salvação na história redimida pelo secular através da marcha
inevitável e incessante do Progresso."
èConcluindo, a era moderna proveio de
um paradigma com um universo fechado ao sobrenatural, onde a ciência se
desenvolve ajudada pela hegemonia da Razão humana, produzindo o bem comum
através da tecnologia e do crescimento econômico, resultados celebrados do
Progresso.
Influência
do Modernismo no Cristianismo
· A modernidade tanto pode ser considerada tanto aliada como inimiga do Cristianismo.
A influência das
mudanças promovidas pela era moderna no cristianismo é complexa. A modernidade
pode ser considerada tanto aliada como inimiga do cristianismo.
O
lado positivo do modernismo para o Cristianismo
Por
um lado, o modernismo do Renascimento e do Iluminismo preparou o caminho para a
reforma protestante do século XVII.
Os reformadores, refletindo o espírito de sua época, valeram-se das ferramentas
linguísticas e humanistas, como o redescobrimento dos idiomas clássicos,
inclusive do hebraico e do grego, a exegese gramático-histórica e a crítica à
teologia escolástica por parte do humanismo.
O
lado negativo do modernismo para o Cristianismo...
Por
outro lado, "o cristianismo, dentre todas as outras religiões do mundo,
foi a que se viu submetida às críticas mais devastadoras e incisivas nas mãos
desse racionalismo agressivo."
Como
expressa Ravi Zacharias,
(Chenai, 1946), evangelista e apologista cristão nascido na Índia “esse assalto
às crenças religiosas foi realizado em nome da liberdade política ou
acadêmica, quando a intenção verdadeira era derrotar filosoficamente qualquer
coisa que pressentisse haver uma restrição moral”.
O golpe mais duro
do ataque dirigiu-se, visivelmente, contra o cristianismo." David Hume
(1711 - 1776), filósofo e historiador escocês, com seus argumentos contrários
aos milagres, e Immanuel Kant (1724 - 1804), filósofo alemão, com sua
epistemologia, são exemplos dos desafios que o cristianismo começou a
enfrentar. Logo vieram Hegel, Marx, Darwin, Lenin e outros, que ainda foram
para além do campo acadêmico, utilizando até mesmo o poder político contra o
cristianismo, tudo em nome da Razão.
O modernismo produziu uma teologia antropocêntrica
Das fileiras até
mesmo do cristianismo, "especialmente da ala protestante", o que se
viu, entretanto, foi a assimilação acrítica de várias das premissas básicas da
modernidade. Como Theo Donner explica,
"assim como a filosofia e a cultura se tinham feito completamente
'antropocêntricas', centradas no homem, também a teologia agora se tornou
antropocêntrica. O homem era a medida de todas as coisas. O mesmo chegou a ser
também na teologia."
Exemplos
dessa teologia antropocêntrica
Por exemplo, é Friedrich
Schleiermacher
(1768 -1834) considera que os conceitos bíblicos tradicionais, tais como os
milagres, a encarnação, a morte substitutiva e sacrificial de Cristo são
conceitos inadequados ao "homem moderno".
Rudolf
Bultmann (1884
- 1976) elabora a sua teologia a partir da premissa de que o homem moderno não
crê em milagres, e, portanto a Bíblia deve ser "desmitificada".
Dietrich
Bonhoeffer
(1906 -1945) propõe um cristianismo sem religião, para o homem moderno, que não
é religioso, um homem que alcançou a "maioridade".
Nas palavras do autor católico
Battista Mondin, "agora não é suficiente provar a racionalidade da fé,
demonstrando que as verdades reveladas estão em harmonia com os cânones da
razão, mas também a Revelação se submete à tribuna da razão dando a esta o
dever de purifica-la de todos os elementos sobrenaturais."" Mondin
conclui "As duas doutrinas principais de Kant referentes à religião a
transferência da religião da esfera da razão para a da vontade e do sentimento,
e a interpretação racionalista da Revelação - permanecem como fomentos de toda
a teologia protestante do século XIX.
O modernismo influenciou a forma de interpretar as escrituras
Bacon Descartes e
Newton, como arquitetos importantes da modernidade, também estão presentes.
·
Vê-se em primeiro lugar que, ao
interpretar a Bíblia,
é utilizada a fragmentação proposta por Bacon, exemplificando a atitude da
mente moderna de "dividir e conquistar".

·
Somos
filhos da época, sejamos conscientes ou não disso. Por exemplo, para a grande maioria dos cristãos o método indutivo (um
instrumento básico da modernidade) é superior ao dedutivo, e assim deixam de
lado catorze séculos de teologia dedutiva.
·
Robert Traina, (Autor da de estudo Metódica),
por exemplo, ao referir-se ao método dedutivo, qualifica-o como "subjetivo
e imparcial". Para ele a dedução "produz antes ditadores, mais do que
ouvintes das Escrituras" em contraste com a indução que "produz
pessoas que ouvem em vez de falar".
O modernismo afetou o lado mais conservador
·
O
lado mais conservador do protestantismo viu-se afetado também pelo espírito
modernista. A ênfase da Reforma no
direito que todo crente tem de estudar a Bíblia, sem a mediação eclesiástica
(aplicando o individualismo moderno), começou a produzir um movimento
heterogêneo e dividiu doutrinariamente.
·
Muitos setores coligaram-se e
mantiveram uma atitude anti-intelectualista (e, em outros casos, anti-racionalista), rechaçando
inclusive os elementos positivos da modernidade. Abriu-se espaço para teologias escapistas e para movimentos
"espirituais" baseados em experiências sensoriais, em visões e
noutras manifestações subjetivas.
·
Muitos evangélicos abandonaram
a reflexão sobre a responsabilidade social da Igreja. Em seu afã por defender a
"sã doutrina" da teologia liberal, os evangélicos "sentiram que
não tinham tempo para assuntos sociais"2 e, portanto, deixaram
de lado a responsabilidade social da igreja e começaram a pregar um evangelho
para as "almas", aceitando tacitamente a reclusão da religião à
esfera do que é "particular" de cada um, proposta característica dos
pensadores modernos.
·
John Alexander sintetiza a
influência negativa do modernismo dizendo: "as
igrejas raramente contam a história completa de Jesus. Em vez disso, narram
versões do modernismo. Pregam Jesus em combinações excêntricas com o
secularismo, com o romantismo, com o materialismo e com o racionalismo. Mudaram
o evangelho para uma cruz dourada e culturalmente aceitável.”.
Nem toda influencia do modernismo foi negativa
·
Mas
nem toda a influência do modernismo no cristianismo é negativa. Homens tais
como John Wesley (1703 -1791), Jonathan Edwards (1703 -1758) George Whitefield
(1714 - 1770), Charles Spurgeon '(1834 -1892) e Dwight L. Moody 1837 - 1899),
entre muitos outros, cuja mensagem produziu um despertamento espiritual, tanto
na Inglaterra como nos Estados Unidos, utilizaram a razão e a lógica de seu
tempo de forma criativa, mostrando que participavam do racionalismo moderno,
"embora sem a deificação da razão que vemos em outros".
·
Na
apologia, pensadores brilhantes, desde Pascal no século XVII, até CS. Lewis e Francis
Schaeffer neste século, entre outros, trabalharam arduamente, esforçando-se por
apresentar um evangelho racional, que convencesse o homem moderno da
racionalidade da fé cristã, sem cair no perigo de reduzi-la somente a um
sistema de proposições lógicas.
·
Estes
continuam sendo vozes proféticas em seu tempo, chamando a igreja para levar a
sério o desafio que as filosofias e cosmovisões modernas são para a fé. São um
chamado para sair das trincheiras eclesiásticas e chegar ao homem moderno não
com uma mensagem diluída, mas com um evangelho pleno e relevante.
Os grandes escritos apologéticos do passado não falam mais a
geração atual.
Contudo, os grandes livros apologéticos que foram
escritos utilizando as leis da lógica e aplicando os princípios científicos da
argumentação, que ajudaram muitos a se acercarem da fé, já não falam à geração
atual. Como se expressa Kevin Graham Ford: “Leiam os grandes escritos dos
apologistas de nosso tempo - Cristianismo Puro e Simples de CS”. Lewis, as
obras de Francis Schaeffer, de Os Guinness e de Josh McDowell.
Estas
obras estão cheias de argumentos convincentes, de provas lógicas e de
evidências poderosas. Mas estes livros e seus argumentos não chegam à geração
de hoje." É esta separação do racionalismo moderno que abre o caminho para
um novo paradigma epistemológico e para uma nova forma de ver a vida: o
pós-modernismo.
Uma grande frustração: os avanços em várias áreas foram insuficientes para produzir um mundo edênico.
èO otimismo da era moderna, sua
confiança em que a ciência, a tecnologia e o progresso, impulsionados por um
ser humano autônomo, sob o reinado soberano da Razão, produziriam um mundo
edênico, isso decepcionou a todos. èA primeira guerra
mundial deu um golpe mortal no projeto moderno. Stalin na Rússia e Hitler na
Alemanha deram os últimos toques em seu sepultamento. Filósofos e escritores
como Derrida, Camus, Sartre e Rorty, entre outros, deram o seu atestado de
óbito, enquanto que artistas, arquitetos e sociólogos começaram a entronizar o
seu sucessor.


Nas palavras de
John Alexander: "As pessoas modernas estão acurraladas pela noção de que a
única forma apropriada de responder as suas perguntas é 'aplicando a
matemática às qualidades mensuráveis de tudo o que observamos'. E como nenhuma
das grandes perguntas pode ser respondida dessa maneira, ficamos sem
respostas."
Os
avanços científicos na compreensão do cosmos foram insuficientes para
estabelecer a paz mundial
èA
esperança de que "através da razão os seres humanos poderiam entender o
cosmos, estabelecer a paz social e melhorar a nossa condição" converteu-se
num pesadelo revelador de que o progresso nos escapou das mãos e, no seu
progresso, vai deixando uma sequela de problemas ainda maiores do que os que
pretendia resolver.
"Nos
últimos cinquenta anos, a nossa capacidade produtiva e a nossa experiência
desenvolveram-se astronomicamente, mas a rigidez de nossos problemas aumenta
proporcionalmente."
A
confiança na ciência e tecnologia não foi suficiente para gerar otimismo
Até mesmo a
confiança de que a ciência e a tecnologia produziriam a cura infalível das
nossas doenças sociais e existenciais se decompuseram num pessimismo cada vez
mais crescente.
Todos
os pilares do projeto moderno mostraram serem somente colunas ocas, com uma
pintura dourada. èAlexander
refere-se a isso ao dizer que "a tragédia da modernidade é que não temos
nada que mereça adoração; o absurdo da modernidade é que, de todas as formas,
vamos e adoramos.”.
As promessas de
que as ideias de Progresso, de História e da Razão materializam-se elevadas com
indiscutível prestígio e credibilidade começou a deixar transparecer o osso por
baixo do seu sangue.
Mesmo
com toda a influência da razão e inúmeros os avanços produzidos por ela, o
nosso século continua a testemunhar as mais impressionantes carnificinas.
Com efeito, em
meio à festa da Razão e da credibilidade imensa em suas possibilidades, o
século XX presencia as mais impressionantes carnificinas humanas de que se tem
notícia, com o emprego intensivo de todos os recursos técnicos, e com um fundo
musical de obras clássicas. A Razão bebia sangue também e, como qualquer fera,
organizava e refinava a festa de sangue e, como se não bastasse, a
racionalizava e a enchia de justificações históricas.
Às portas do
século XXI, a humanidade observa que muito mais da metade do mundo empobrecido
morre de miséria diante da mais impressionante opulência, que a água se
contamina e que dela há falta, que os mares se poluem, que a capa de ozônio se
destrói, que os bosques e a fauna são quase imaginações fantásticas dos contos
das vovós.
Diante
do vazio da modernidade, aparece o pós modernismo
E aqui, diante do
vazio que a modernidade deixou ao desmoronar-se, que aparece o pós-modernismo. è"A
chegada do pós-modernismo poderia ser descrita como a perda de entusiasmo pelas
convicções básicas do modernismo."
Os
Guinness descreve a relação entre os dois da seguinte maneira:
“Ao passo que a
modernidade era um manifesto de auto-suficiência humana e de autogratificação,
o pós-modernismo é uma confissão de modéstia e até de desesperança. Não há "verdade",
há apenas verdades. Não existe a razão suprema, somente há razões. Não há uma
civilização privilegiada (nem cultura, crença, norma e estilo), há somente uma
multidão de culturas, de crenças, de normas e de estilos. Não há uma justiça
universal, há apenas interesses de grupos. Não existe uma grande narrativa do
progresso humano, há apenas histórias incontáveis, nas quais as culturas e os
povos se encontram hoje. Não existe a realidade simples nem uma grande
realidade de um conhecimento universal e objetivo, existe apenas uma incessante
representação de todas as coisas em função de tudo o mais."7
McGrath
reconhece que dar "uma definição completa do pós-modernismo é
virtualmente impossível",
èmas
este poderia ser entendido como sendo "uma sensibilidade cultural sem
absolutos, sem certezas e sem bases fixas, que se deleita no pluralismo e na
divergência, e que tem como meta pensar através da radical 'relatividade
situacional' de todo pensamento humano. E cada um desses aspectos poderia ser
considerado como uma reação consciente e deliberada contra a totalização do
Século das Luzes.”.
Em nosso
continente, as "gerações jovens são hoje, ao mesmo tempo, modernas e
pós-modernas, embora em meio a instituições sociais e políticas relativamente
pré-modernas.”.
Pós
modernidade: Não aos Absolutos
Na
modernidade a Razão erigiu-se imbatível, e o progresso apresentou-se otimista e
inevitável. A modernidade baseava-se em absolutos, em princípios inegociáveis
que conduziriam infalivelmente a um mundo sem problemas.
Porém, de
acordo com os autores pós-modernos, as pretensões absolutistas da modernidade
somente trouxeram sistemas opressivos, guerras de trincheiras e campos de
concentração.
O absoluto de que a ciência responderia nossas perguntas e resolveria nossos problemas demonstrou-se como falso
O absoluto de que
a ciência responderia nossas perguntas e resolveria nossas inconsistências
produziu a poluição irreversível no ar, nos rios e nos oceanos; a destruição da
capa de ozônio, deixando-nos expostos aos mortais raios solares; uma relação
cada vez maior de espécies vivas em perigo de extinção; e a possibilidade de
uma guerra nuclear capaz de destruir a metade do sistema solar. Isso para não
mencionar os resultados dos absolutos na economia, nas ciências sociais e na
política. Se é isso o que produzem os absolutos, devemos então suspeitar de
todo absoluto. Como consequência, "não há regras ou normas que controlem a
sociedade; nem mesmo Deus tem esse direito."
· A desconstrução: a espinha dorsal da metodologia pós-moderna
A "desconstrução",
poderia ser destacada, como sendo a medula da epistemologia moderna.
As áreas de atuação da teoria desconstrucionista
A desconstrução
atua principalmente no campo da linguística, mas suas conclusões
generalizaram-se a outras áreas, até mesmo na religião. Na linguística e na
filosofia, os franceses Jacques Derrida e Michel Foucault, e os americanos
Richard Rorty e Stanley Fish são os representantes mais destacados da desconstrução.
O que vem a ser a desconstrução?
James Sire
(nascido em 1933 EUA) autor cristão e palestrante resume a proposta desconstrucionista
ao dizer que “a teoria literária
pós-moderna, assim como uma grande parte da teoria das ciências humanas
contemporâneas assume que a mente humana é incapaz de ascender à realidade”.
Em
primeira e última análise, não há uma estrutura racional da realidade, e, se
houver não a poderemos conhecer. Tudo o que conhecemos é a nossa própria
linguagem." Então, de acordo com a desconstrução, a
linguagem é o único meio através do qual podemos conhecer; sendo porém este um
fenômeno arbitrário, deixa as palavras sem um significado permanente. E uma opção pessoal dar-lhes o
sentido que cada um queira. Cada pessoa cria, arbitrariamente, sua própria
realidade, ao utilizar a linguagem.
Richard
Rorty (Nova Iorque, 1931 – 2007) foi um filósofo pragmatista estadunidense explica
sobre a desconstrução:
“E o sentido de que não há nada no fundo dentro de
nós, exceto o que nós mesmos ali pusemos; não há nenhum critério que não
tenhamos criado no processo de criar uma prática; nenhum padrão de
racionalidade que não seja uma apelação ao critério, nem argumentação rigorosa
que não seja mais do que a obediência a nossas próprias convenções.
A relação entre a desconstrução e a interpretação
Ao aplicar esta
abordagem à literatura, por exemplo, chega-se
à conclusão de que, em qualquer caso, não se pode encontrar um significado
fixo, e que tanto a identidade como a intenção do autor são irrelevantes para
a interpretação de qualquer texto. McGrath14 encontra
pelo menos dois princípios gerais no que se refere à desconstrução de um
texto:
(1) Todo escrito terá significados que o autor não
pretendia e nem poderia ter pretendido dar.
(2) O autor não pode pôr adequadamente em palavras
o que ele quer dizer em primeira instância.
McGrath
conclui:
"Todas as interpretações são igualmente válidas, ou igualmente sem
significado (dependendo do seu ponto de vista)." Isto tem repercussões
importantes no campo da hermenêutica bíblica. Se toda interpretação está
condicionada culturalmente, então “nenhuma interpretação pode ser descartada, e
a nenhuma interpretação se deve dar o status de uma verdade objetiva”. Rechaçar
uma interpretação pressupõe que se tenha algum critério que permite fazer
isso, mas se uma interpretação é apenas uma entre muitas possíveis outras
interpretações, não tem sentido argumentar em favor de seu valor único ou
contrariamente à validade (ou falsidade!) da interpretação de outra pessoa.
A desconstrução redefiniu a visão do homem
A desconstrução
também redefiniu o sujeito. A modernidade considerava o ser humano
autônomo, independente, seguro de si mesmo e com possibilidades racionais
ilimitadas. "Na cosmovisão moderna o homem chega a ser lei (nomos) para
si mesmo (autos)." O homem moderno é um ser integrado,
otimista e com identidade definida. O desconstrucionismo pós-moderno
desafia esta visão do sujeito. "Esta antropologia é uma ficção. A mesma
noção de um sujeito autônomo, que se apoia em si mesmo, é um invento moderno.
Esta é uma construção concebida em um tempo e espaço particulares
(especificamente, o mundo ocidental desde o Renascimento), e não propriamente
uma verdade acerca da natureza humana, universalmente reconhecida e auto
evidente em todo o tempo. Assim como a realidade é uma construção social,
também o é o Homo autonomous."
O sujeito
pós-moderno é, então, um produto cultural, e portanto não tem individualidade.
Na antropologia pós-moderna os seres humanos são apenas contratos sociais ou
seres socialmente determinados. É o que Mardones chama de "o desafio do
fragmento". O ser humano é apenas o que a sociedade define que seja, não
pode pensar a não ser nas categorias que recebeu e como resultado não tem mais
a pretendida autonomia do homem moderno. "Suas emoções e sua interpretação
de si mesmo, assim como suas ações, lhe são pré-definidas pela sociedade, bem
como a sua abordagem cognoscitiva do universo que o rodeia."
Esta redefinição
pós-moderna do sujeito produziu o ambiente propício para a negação da culpa e
da responsabilidade pessoais. Se o que somos, pensamos, fazemos, e tudo o mais
é produto social, então a sociedade é a responsável por nossos atos e
decisões, sejam estes positivos ou negativos. Nós estamos somente atuando de
acordo com o que o meio social nos condicionou; não temos escapatória. O
sujeito pós-moderno não tem nem identidade nem vontade individual, somente
social.
A um nível mais
geral, a rejeição de absolutos levou o pós-modernismo a repudiar qualquer
conceito de verdade que pretenda ser universal. Para Foucault, por exemplo, a
ideia de "verdade" nasce dos interesses dos que têm o poder. Para ele
há uma relação direta e destrutiva entre verdade e poder. A "verdade"
serve como instrumento de apoio para sistemas repressivos; portanto, qualquer
"verdade" que pretenda ser absoluta deve ser erradicada,
incluindo-se o que na terminologia pós-modernista se conhece como as "meta
narrativas ".
As meta narrativas
são marcos de referência gerais "que dão sentido à totalidade da vida
e que dão um significado ao lugar que ocupamos no amplo sistema das
coisas."20 Também podem ser entendidas como "narrativas
generalizantes que asseguram a provisão de marcos universais para o
discernimento de significado." Exemplos de meta narrativas são o
marxismo, a democracia liberal capitalista e o mito moderno do progresso
autônomo. A definição que Klaus Bockmuehl utiliza para o marxismo
poder-se-ia dar para qualquer outra meta narrativa: "Um sistema que
abrange completamente o pensar e o viver, uma concepção total do mundo e da
humanidade." Middleton e Walsh apresentam também como meta narrativas a
agenda nazista para ter a supremacia na Europa, as cruzadas, as aspirações
marxistas leninistas para o domínio mundial, o apartheid na África do Sul, e
"as consequências na América Latina, ao longo deste século, da doutrina
Monroe, como parte da narrativa da democracia liberal dos Estados Unidos."
As meta narrativas
"começaram a ser vistas pela primeira vez como simples relatos, mas,
com a consequente perda ou deterioração de sua validez e legitimidade...
tratam-se de relatos já gastos e desprestigiados, nos quais as pessoas não mais
se sentem representadas."
As meta narrativas
são rejeitadas pelo pós-modernismo como autoritárias, isto é, porque
impõem o seu próprio significado de forma fascista. "Se alguém está
convencido de que a sua posição é correta, tem inevitavelmente a tentação de
controlar ou destruir os que não estejam de acordo.” Middleton e Walsh
expressam o que esta abordagem tem a ver com o cristianismo:
O problema do ponto
de vista pós-moderno é que as Escrituras, em que os cristãos afirmam basear a
sua fé, constituem uma meta narrativa com pretensões universais. O
Cristianismo está inegavelmente enraizado mima meta narrativa que
pretende contar a verdadeira história do mundo, desde a criação até o fim, da
origem à consumação.
Para os mesmos
autores, a hipótese pós-moderna das meta narrativas tem sentido e
baseia-se na observação histórica:
A história bíblica
tem sido, de fato, frequentemente utilizada ideologicamente para oprimir e
excluir aqueles que são considerados infiéis ou hereges. Nas mãos de alguns
cristãos e comunidades, a meta narrativa bíblica tem sido usada como uma arma
para legitimar preconceitos e perpetuar a violência contra os que são
considerados inimigos, que estão fora do propósito divino. Simplesmente não há
uma narrativa intrinsecamente justa, nem mesmo a bíblica."
Em conclusão, o
argumento é que cada vez que uma pessoa ou um grupo qualquer diz possuir a
"verdade" (especialmente a verdade religiosa), o resultado é uma
repressão. Para o pós-modernismo, "a única verdade é que não existe a
verdade”. Como diz Jock McGregor, "a ideia chave nessa situação é que
temos liberdade absoluta. Cada coisa que pensemos, digamos ou façamos tem igual
validade, quando aplicado à outra coisa. Não existem absolutos, somente
escolhas. Nada é absoluto, nada é sacrossanto, tudo se acha disponível.”.
Esta posição e
esta rejeição aos absolutos preparam o terreno em que o pluralismo e o
relativismo florescem.
Na filosofia, o
pluralismo define-se como a doutrina que afirma que há mais de um princípio
universal, em oposição ao monismo, o qual reduz toda a realidade a um princípio
único. Na sociologia e na cultura define-se o pluralismo como a coexistência de
cosmovisões divergentes. Na religião, o pluralismo "é a doutrina de que a
salvação, ou qualquer coisa que se entenda por salvação, é alcançada pelas
pessoas através de uma quantidade enorme de condições e de meios, em várias
religiões. Este pluralismo, então, outorga a todas as religiões o mesmo valor
soteriológico, moral e espiritual. O pluralismo é um fenômeno complexo. Arthur
Carson (nascido em 21 de dezembro de 1946) é um canadense, pastor da Igreja Reformada
Evangélica teólogo e professor de Novo Testamento divide-o em três categorias:
empírico, celebrado e filosófico ou hermenêutico. O pluralismo empírico não é
mais do que o reconhecimento da grande diversidade étnica, cultural e religiosa
do mundo. Num país como a Bolívia, para dar um exemplo, existem mais de
cinquenta grupos linguísticos, cada um com suas próprias tradições,
cosmovisões e costumes, na maioria das vezes totalmente diferentes entre si. A
isso podemos acrescentar ainda a herança hispânica e as subculturas
"pop" das cidades. Vivemos num mundo policromático e polimorfo, que
hoje é chamado de "aldeia global". Na era pós-moderna tem havido, por
um lado, as pretensões universalistas modernas, tentando unificar todos os
seres humanos, e tem sido possível escutar, por outro, vozes alternativas. Não
é que essas vozes não estavam ali antes, mas era difícil ouvi-las, já que quem
falava a modernidade tinha uma voz muitíssimo mais forte. O pós-modernismo, por
assim dizer, baixou um pouco o volume do som da modernidade.
Contudo uma coisa
é reconhecer o pluralismo empírico como um fato, e outra coisa é celebrá-lo,
aprová-lo, e até mesmo promovê-lo como desejável. Este é o pluralismo
celebrado, "um valor em si mesmo, uma prioridade". Este pluralismo é
a busca da diversidade como ideologia. Em outras palavras, "nosso contexto
pós-moderno está povoado de desconstrucionistas e de outros que celebram
a confusão. Pela heterogeneidade! Poderia ser a quintessência do brinde
pós-moderno, quando as taças desse brinde se levantam e tocam-se pelo caos
libertador".
O pluralismo
filosófico ou hermenêutico é, para Carson, o desenvolvimento mais sério do
pluralismo, e o mais feroz e temível dos três. "Este toca virtualmente
cada disciplina - história, arte, literatura, antropologia, educação,
filosofia, psicologia, ciências sociais, e até mesmo, cada vez mais, as
ciências exatas - e agora obteve popularidade na praça pública, embora sua
existência não seja reconhecida. " Este pluralismo apoia-se basicamente na
hermenêutica desconstrucionista e encontra na era pós-moderna um terreno
mais fértil e abonado que o oferecido pela modernidade. O pluralismo religioso
pode ser entendido como uma subcategoria do pluralismo filosófico."
O pluralismo não é
um fenômeno novo. Ao ler as páginas do Novo Testamento, podemos vê-lo na
cultura e no contexto em que o evangelho foi pregado pela primeira vez. Quando
Paulo chegou em Atenas, por exemplo, viu a cidade entregue à idolatria. A
religião era um bufê do qual o ateniense se servia a gosto. Mas era comida que,
em vez de saciar a fome, abria mais o apetite, já que "todos os de Atenas
e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir
as últimas novidades". John Stott descreve Atenas como uma cidade em que
"havia inúmeros templos, santuários, estátuas e altares. No Parthenon
havia uma imensa estátua de Atena feita de ouro e mármore. Em toda a parte
havia imagens de Apoio, o padroeiro da cidade, de Júpiter, Vênus, Mercúrio,
Baco, Netuno, Diana e Esculápio. Todo o panteão grego estava ali, todos os
deuses do Olimpo."
Além disso, havia
o templo de Diana em Éfeso, de Afrodite em Corinto, de Zeus em Roma e havia o
culto generalizado ao imperador, e ainda um número incalculável de deidades de
todo tipo que tinham sido agregadas ao longo dos séculos. O império romano
tinha muitos deuses, "deuses para serem temidos, deuses para apaziguar,
deuses para honrar, deuses a quem eram dados sacrifícios, deuses cuja comida
era compartilhada também a todos que os adoravam. Dessa forma Paulo, em suas
viagens missionárias ao mundo gentílico, encontrou ídolos de todo tipo e
pessoas que participavam da adoração a esses ídolos.”.
Na era
pós-moderna, "nenhuma religião tem o direito de declarar-se como sendo a
correta e a verdadeira, e as demais falsas, nem ainda (de acordo com a maioria)
relativamente inferiores." Mas sim "a regra de ouro do pós-modernismo
é: 'Atribua a todas as outras religiões a mesma presunção de verdade que você
atribui à sua própria religião'. Todas as religiões foram criadas iguais”.
Este jardim
pluralista afeta de muitas maneiras a nossa abordagem evangélica diante do
mundo. A cristandade está desmoronando-se. Cada vez mais o "sedimento
cristão" na cultura vai desaparecendo. Não há um conceito de moralidade,
ou de crença num Ser Supremo. Uma grande maioria dos jovens hoje cresce com
muito pouco, ou com nenhum contato real com Jesus. Nas palavras do autor
salesiano ítalo Gastaldi: "Na universidade comprovamos com estupor em
jovens inteligentes, assíduos leitores de obras esotéricas, uma grande
ignorância da tradição cristã, como se nada tivesse existido antes. A única
coisa que lhes resta do cristianismo é uma imagem deformada e enfadonha, como
de algo insípido e opressor, acompanhado de normas antiquadas de
conduta."Dito de outra forma, na era pós-moderna "Cristo a duras
penas sobrevive, transformado em outra coisa; acho que num deus portátil, de
uso absolutamente pessoal".
A mensagem de
Jesus como o único caminho é de pronto rejeitada, ou simplesmente é uma
mensagem totalmente incompreensível pelas mentes pós-modernas. Se você for
explicar a um universitário uruguaio as evidências da ressurreição de Jesus
Cristo, o que você vai receber é uma risada gozadora e cínica, ou um simples
sacudir de ombros, enquanto se afasta dando um não com a cabeça, como
que dizendo "e que me importa?!". Para Gastaldi, a geração da era
pós-moderna "tem prazer no efêmero, no fragmentário, no descontínuo e no
caótico. Viver é experimentar sensações; quanto mais fortes, intensas e
rápidas, melhor. Nada de sentimentos de culpa, nada de bem e de mal, nada de
valores: o que importa é o que me agrada.” o escritor colombiano Fernando
Cruz Kronfly expressa isso da seguinte maneira: "Tenho a convicção de que
nossos jovens orientam a sua vida pela seguinte máxima: viva o instante. Muitas
coisas se sujeitam agora à denominada 'utopia do imediato'."
Ser pluralistas,
tanto no segundo como no terceiro tipo de pluralismo, está tornando-se cada vez
mais comum, e as universidades é que desempenham um papel importante nesse
sentido. Para Carson, "os problemas de privatização, de relativismo, de
pluralismo filosófico, de ceticismo, de pós-modernismo e de 'abertura' ética
controlam grandemente o processo mental de pensamento da maioria dos estudantes
universitários".
Outra semente que
encontra no pós-modernismo o terreno apropriado para germinar e crescer é a do
relativismo. Este, poderíamos caracterizá-lo como um parente próximo do
pluralismo. O relativismo nos diz que tudo o que podemos saber acerca das
realidades são, unicamente, as relações entre suas diferentes partes, o que
assim quer dizer que todo conhecimento é relativo. Não existem absolutos,
normas ou critérios objetivos e independentes para a verdade, nem para a
bondade. Tudo é relativo ao momento e à pessoa.
O relativismo
produz indivíduos que, querendo ser "politicamente corretos",
encontram-se sem opiniões pessoais (no momento em que dou uma opinião estou
impondo a minha cosmovisão), sem segurança ontológica (não sei quem sou e seria
uma arrogância querer sabê-lo), sem base epistemológica (não sei se é possível
conhecer algo com certeza) e sem princípios éticos universais (o que é certo
para mim não tem que ser certo para você).
O relativismo
torna mais difícil o diálogo aberto para encontrar a verdade. Para eles, não
existe diferença alguma entre o que uma pessoa se dispõe a crer e o que é
"verdade". Dizem: "No que você acreditar, isso é a sua verdade;
eu tenho outra verdade." O importante, por exemplo, no campo religioso, é
buscar uma espiritualidade que funcione para mim. Não importa se é uma
espiritualidade "a Ia carte" ou do tipo "bufê". A pergunta
que se faz é: "O que você está com vontade de comer? O sabor é mais
importante do que a substância. Gastaldi descreve a religiosidade pós-moderna
como “antropocêntrica, sociológica ou ambiental,”... branda, 'a Ia carte',...
extremamente cômoda,... céptica ante o heroísmo e distante de qualquer
entrega,... emocional e anti-intelectualista, que se acaba no 'aleluia e glória
a Deus! ',... carente de confiança em seus líderes e divorciada da cultura".
Diante dessa
situação pluralista e relativista, aqui na América Latina, em que vários
setores se situam ainda na pré-modernidade, outros na modernidade, cada vez
vamos encontrar mais pessoas, especialmente jovens, com a mentalidade
pós-moderna. Isso nos leva seguramente a perguntarmos sobre as influências
pós-modernas em nossa fé bíblica e em nossa vida de compromisso cristão.
Para o autor basco
José Maria Mardones, Filósofo e sociólogo espanhol a pós-modernidade "é
uma forma de ateísmo niilista, que não pretende reaproximar-se de nada, e por
isso representa a máxima rejeição de Deus e da religião. Achamo-nos, é o que
parece, diante da liquidação mais exaustiva das raízes do sagrado e da
aproximação a Deus".
Qual deve ser a
nossa abordagem, como cristãos, a esse fenômeno? Como anunciar a "meta narrativa
bíblica a uma geração que rejeita todo conceito de verdade e todo
absoluto*? “Apologeticamente”, a pergunta que surge no contexto pós-moderno é a
seguinte: Como podem ser consideradas seriamente as pretensões cristãs de verdade
quando há tantas alternativas rivais e quando 'a verdade em si mesma chegou a
ser uma noção desvalorizada'?" Podemos usar como bússola nesta viagem
exploratória as palavras paulinas à igreja em Tessalônica: "Examinem
tudo, fiquem com o que é bom." Imediatamente surge a pergunta: O que
pode haver de bom no pós-modernismo?
Para a maioria de
nós é fácil ver o que deveríamos rejeitar desse paradigma, mas ficar com o que
é bom do pós-modernismo - se é que há algo bom - não significaria sacrificar em
seu altar a fé cristã?
Muitos abordam o
pós-modernismo ainda assumindo o "complexo de superioridade" da era
moderna. Isso me parece, fecha-nos as portas a um diálogo sincero, em que
buscamos realmente compreender esta época. Analisemos algumas áreas em que o
pós-modernismo, com todos os seus novos e antigos desafios à fé, pode nos
ajudar a ser e a viver mais biblicamente.
Por um lado, o
destronamento da razão e de suas pretensões universalistas retira a camisa de
força que esta impunha à revelação bíblica. "Em lugar de forçar a
Escritura entre o molde ditado pelos interesses do Iluminismo, o movimento
evangélico pode-se dedicar a permitir a Escritura ser a Escritura."
Para muitos,
continua sendo verdade a doutrina tomista que deixa a razão intocável pela
queda, e, portanto incontaminada pelo pecado. A era moderna, desde o
Renascimento, baseou-se nesse princípio e produziu um sistema em que por fim a
razão se erigiu como única autoridade em todas as esferas da atuação humana,
incluindo-se a abordagem da Bíblia. A razão, por assim dizer, condenou a
revelação bíblica por não ser "científica" e a encarcerou na prisão
humanista.
Ao cair o domínio
absoluto que a razão pretendia impor, essa prisão é destruída e a Bíblia é
liberada das mãos dos juízes que a condenaram. Ao avaliar a era moderna,
Wilkinson diz que "o projeto moderno errou ao buscar o conhecimento
absoluto e objetivo que é acessível através de um método preciso e
definido." Que bom seria poder dizer que a modernidade caiu
porque os crentes a derrubaram com suas vidas de compromisso! Mas não é assim.
0 projeto moderno caiu sozinho. Desde o começo já tinha a semente do fracasso.
Mc Grath ao
analisar a influência moderna na teologia, especialmente a confiança moderna
na capacidade da razão para julgar a verdade da revelação, pergunta: A que
lógica se deve permitir este papel central? De quem é a racionalidade que prove
as bases para a autoridade das Escrituras?”Para este autor, "os
evangélicos não podem permitir que a revelação se aprisione entre os limites
defeituosos da razão humana pecaminosa" McGrath conclui ao dizer que
"se a revelação divina aparenta ser logicamente inconsistente algumas
vezes (como, por exemplo, a doutrina das duas naturezas de Cristo), disso não
se pode depreender que a doutrina em questão esteja equivocada, ou que a
doutrina não é revelação bíblica, devido ao seu caráter 'ilógico'. Isso apenas
ilustra bem o fato de que a razão humana caída não pode compreender totalmente
a majestade de Deus". Estas palavras teriam sido uma heresia imperdoável
no modernismo.
Isto nos leva a
reavaliar, ou usando a linguagem pós-moderna, a reconstruir o estudo
bíblico que adotou os princípios modernistas. Este é o estudo bíblico onde
tratamos o texto sagrado como objeto e nós, como sujeitos, aplicando o método
correto e as leis da lógica, pondo-nos por cima do texto para dominá-lo,
esmiuçá-lo, analisá-lo obrigá-lo a que solte todo o seu conteúdo. E o estudo
bíblico em que a razão, a nossa razão, ergue-se como juiz soberano do texto e
diante do qual a revelação diiina submete-se impassível.
Na era pós-moderna
podemos aplicar a postura desconstrucionista a esse estudo bíblico e
perguntar, a nós mesmos se não se dá que, ao abrirmos a Bíblia, não somos mesmos,
muitas vezes, o objeto, e ela o sujeito que nos examina, nos avalia e nos
subjuga. Como dizia o escritor aos hebreus: “Porque a palavra de Deus é
viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra
até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medule é apta para discernir
os pensamentos e propósitos do coração”. Haverá momentos em que somos os
sujeitos e a Bíblia o objeto do nosso estudo, mas devemos permitir também o
contrário.
Devemos chegar à
palavra de Deus não só com a nossa razão, mas também descobrir, ou melhor,
redescobrir os aspectos emocionais, relacionais imaginativos e
"humanos" da espiritualidade bíblica. Concordamos com Martinho
Lutero em que o cristianismo ocupa-se do totus homo, ou seja, da pessoa
humana completa, não somente dos aspectos intelectuais. Isso não significa que
agora chegou o momento de desistir da razão, mas sim de colocá-la na
perspectiva apropriada.
Nossos estudos
bíblicos devem deixar de ser tão intelectualizados e chegar a converter-se em
verdadeiros "encontros" em que, com tudo o que somos (mente,
emoções, sentimentos, anseios, sonhos, frustrações, etc.), nos sentemos aos pés
do Autor e o escutemos. "Pode acontecer de você ficar com tanto medo de
seus sentimentos que assim você acaba enfraquecendo a sua capacidade de ver a
verdade. As Escrituras respondem aos clamores do coração, aos seus desejos, aos
seus temores, às suas exultações e às suas adorações. Começamos a morrer no
momento em que nos recusamos a ter qualquer sentimento. O que devemos temer é
os nossos sentimentos provindo de uma origem carnal ou maligna, bem como
qualquer tendência de colocar a nossa fé em nossos sentimentos e não na Palavra
de Deus."
Na era moderna, envolvíamos
nossos sentimentos, ou qualquer outro aspecto "não racional" no
estudo bíblico, ele era chamado negativamente de "subjetivo" e era
descartado. A geração pós-moderna, que suspeita da razão, precisa descobrir que
a Bíblia, mais do que um código de normas, é um livro sobre pessoas de carne e
osso, que viveram com as mesmas lutas, questionaram, duvidaram, voltaram para
trás, caíram e se levantaram de novo. Gastaldi diz que "na década dos
anos 90 deparamo-nos com um homem inquieto, em busca de 'sentido religioso',
desencantado com os resultados da ciência e da técnica. Parece estar dizendo:
'Deem-me alguma coisa diferente do que sai dos computadores, deem-me razões
para viver, para manter uma esperança!" E não é para menos, a
pós-modernidade destruiu os absolutos, deixando o ser humano à deriva, sem
passado nem futuro, responsável por criar ele mesmo o seu próprio universo.

Outro aspecto que
devemos revisar, para a era pós-moderna, é o da apologia e evangelização. A
tarefa apologética para esta era que se caracteriza pela suspeita a tudo é
restaurar a confiança na verdade. Como cristãos, somos agora desafiados a
persuadir a geração pós-moderna quanto à importância da verdade. Contudo a desconstrução
nos obriga a avaliar as nossas intenções e os nossos métodos. Quando
abordamos esta geração com o evangelho, devemos deixar de lado a nossa crista
de superioridade, transmitindo a sensação de que possuímos infalivelmente a
verdade absoluta. Isso não significa que estejamos deixando de crer que o
evangelho é a verdade, que tem pretensões de ser para todos os seres humanos
sem distinção alguma; antes, o que temos que fazer é reconhecer que, como portadores
desta mensagem, interpretamo-lo sob a influência do nosso marco cultural,
familiar, denominacional e vivencial. "Todos nós tendemos a interpretar as
Escrituras de acordo com a experiência que temos, seja ela negativa ou
positiva, presente ou ausente. Negar esta tendência é negar a nossa própria
humanidade." A Bíblia é infalível, nós não somos. Somos filhos da nossa
cultura e das nossas subculturas, quer queiramos, quer não.
Nossa postura
apologética e evangelização, mais do que racional, deve ser relacional. Kevin
Graham Ford emprega o termo "evangelismo narrativo". Para
ele:
À medida que a
nossa cultura paulatinamente se separa do pensamento lógico e orientado às
proposições e adentra-se no pensamento orientado às sensações e ao que
ultrapassa o racional, o único evangelismo que fala a linguagem da cultura é o
evangelismo orientado aos relatos. Este fala o idioma desta geração, saturada dos
meios de comunicação, e esfomeada de ouvir relatos. Este fornece às pessoas um
ponto de contato em sua vida cotidiana, permitindo-lhes ver como Deus interagiu
na história humana e como ele pode fazer isso na vida de cada um deles,
individualmente.
Muitos jovens
sentem atração pelo Jesus dos evangelhos, mas rejeitam qualquer envolvimento
eclesiástico ao ver a vida dos que se dizem seguidores de Jesus. Devemos
assumir esta crítica, avaliando as muitas formas em que a igreja e os crentes
têm sido obstáculo para que outros venham para o evangelho. Não há melhor
postura apologética do que uma vida santa.
A tarefa
apologética mais urgente da igreja hoje é viver no mundo de tal maneira que o
mundo seja levado a nos perguntar acerca da esperança que temos. Enquanto isso
não acontecer, temo que todas as teorias apologéticas existentes sejam em vão,
e que a verdade de que dizemos serem testemunhas seja tomada como sendo uma
falsidade.
Nesta era
pós-moderna não podemos esconder a nossa vida por trás de grandes argumentos
racionais, porque agora os mesmos não impressionam mais. Nesta era, mais do que
com palavras, evangelizamos com ações, com uma postura de amor pelos outros,
com uma epistemologia mediada por compaixão, com uma axiologia saturada pela
ética e pelos valores do reino, e com uma mensagem encarnada, que saia dos
templos e que se misture com a geração desencantada e cheia de suspeições que
perambula como "ovelhas sem pastor".
Estamos buscando
uma comunidade, e, como todo o mundo antes de nós, queremos fazer parte de algo
maior do que nós mesmos. Queremos que haja linhas traçadas para uma direção
moral. Queremos exemplos vivos de pureza, de honestidade e de amor. Queremos
uma família que nos ame incondicionalmente, e queremos crer em alguma coisa.
“Os cristãos podem dar esperança, oferecendo uma comunidade baseada no amor de
Deus por seu povo e no amor de uns para com os outros.”
São quatro as
pedras fundamentais da evangelização para esta geração: a autenticidade, o
cuidado mútuo, a confiança e a transparência, e cada uma dessas desenvolve-se
no contexto de relações mantidas com os não crentes. A evangelização impessoal
através do folheto, ou da explicação de um esquema lógico, porém sem
continuidade e sem um interesse autêntico, seguramente produzirá resultados
bem mais negativos, afastando os jovens pós-modernos do evangelho.
Para o autor
catalão Angel Castanheira, a pós-modernidade "permite que o cristão resimbolize
novamente o testemunho da revelação, tradicionalmente envolvido em metafísica
moderna e de conceptualismo, e o redescubra agora, por sua vez, na linguagem do
amor e do perdão, no coração da vida, no caminho privilegiado da experiência
humana."
Tal abordagem
talvez faça com que muitos se sintam incômodos. Preferimos a evangelização metódica
e a ação apologética argumentativa, racionalista e lógica. Temos que revisar,
então, o modelo de Jesus, cujo ministério público foi essencialmente
relacionai. Ele andava no meio das multidões, ou então tinha encontros privados
com determinadas pessoas, até mesmo de noite. Ele sabia o que era sentir o
calor do meio-dia no deserto de Samaria, ou o frio da morte no quarto de uma
adolescente. Ele deixou-se tocar por uma mulher cerimonialmente impura, e
tocou intencionalmente num leproso, isolado pela sociedade. Ele falou de
situações cotidianas, de sal e lâmpadas, de sementes e pastores, de pais e
filhos. Hoje, mais do que nunca, devemos seguir este modelo, se queremos
alcançar a geração pós-moderna. Definitivamente, a pós-modernidade chama-nos à
modéstia; a reconhecer a nossa finitude; a avaliar e suspeitar, de forma
positiva, de nossos métodos e intenções; a reconhecer o nosso condicionamento
hermenêutico; e a revisar a seriedade do nosso compromisso cristão. Vale a
pena citar aqui Mardones:
A crítica pós-moderna
serve para liberar o Deus de Jesus Cristo da tirania de uma cultura. Sem
cultura, é verdade, não existe coletividade nem indivíduo, nem tampouco
religião, nem linguagem sobre Deus. Mas o Deus de Jesus Cristo não é um
patrimônio exclusivo de uma cultura, de uma concepção ou de um tempo, mas transcende
a tudo isso, tratando de manifestar mais claramente a sua face salvadora e
libertadora aos homens, na situação concreta em que se encontrem... A
pós-modernidade, no que se refere à crítica ao projeto moderno, ajuda o
cristianismo a relativizar a cultura moderna e a perceber melhor suas inegáveis
implicações culturais com a modernidade, que às vezes são outras tantas
'vendas' do Deus de Jesus Cristo aos imperativos da cultura, quando não a um
sistema de produção e de organização concreto.
O que não podemos
nem devemos render à pós-modernidade é que se perca o conceito de verdade, tal
como o encontramos na Bíblia. Não devemos permitir que a Verdade (com
maiúscula) torne-se relativa e converta-se simplesmente numa verdade (com minúscula)
a mais no mercado esotérico pós-modernista.

Nossa tarefa nesta
era pós-moderna é apresentar uma pessoa: Jesus, mais do que um sistema lógico
de crenças. Devemos apresentar Jesus em toda a sua plenitude, para que esta
geração seja transformada à sua imagem. E devemos fazer isso com compaixão, mantendo
relacionamentos significativos com os não cristãos, com um ouvido que realmente
os ouça e com a convicção absoluta de que a palavra revelada é pertinente a
qualquer época, porque "passará o céu e a terra, porém as minhas
palavras não passarão".
BIBLIOGRAFIA:
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