TEÍSMO
Linguagem Antropomórfica
Teofania
Introdução
A Doutrina acerca de Deus é também chamada de teologia própria tendo em vista que o termo teologia é derivado de duas palavras gregas: “theos” que significa Deus e “logia” que significa estudo, tratado, discurso etc. Portanto teologia própria e Teísmo são termos semelhantes usados para o estudo da Doutrina acerca de Deus.
1 - A EXISTÊNCIA DE DEUS
Em parte alguma a Bíblia trata de provar a existência de Deus mediante provas formais. Reconhece-se como fato auto-evidente e como crença natural do homem. No entanto propõe o homem aventurar-se na fé (Hb 11.6). Numa época em que tantas idéias e conceitos errôneos são divulgados a respeitos de Deus é bom verificarmos o que o próprio Deus revelou a respeito de si mesmo. A Bíblia é o único livro que pode falar com autoridade sobre o assunto, portanto, “CONHECER A PALAVRA DE DEUS É TAMBÉM CONHECER A DEUS”. Apesar de a Bíblia não se preocupar em provar a existência de Deus podemos ver claramente que a Bíblia é a revelação escrita de Deus do Gênesis ao Apocalipse. Ele se revela ainda através da natureza (Sl 19.1,2), e se revelou pessoalmente através de Jesus Cristo (Jo 14.9).
1.1 Sua existência Provada
Onde mais acharemos evidências da existência de Deus? Na criação, na natureza e na história humana. Dessas três esferas podemos deduzir os cinco argumentos mais utilizados pelos teólogos e também pelos filósofos sobre a existência de Deus:
v Argumento Cosmológico (do Gr. Cosmos =Mundo)
Sem dúvida, toda criatura de bom senso compreende que o universo teve um princípio e uma causa. Ora todo efeito tem uma causa, e o Universo é um efeito. Logo, se conclui que o universo deve ter tido um causa primária, isto é um Criador “No princípio Deus” (Gn 1. 1).
v Argumento Teleológico (do Gr. Telos =desígnios, fim)
Este argumento pode ser exposto da seguinte forma: O desígnio e a formosura evidenciam-se no universo; porém, o desígnio e a formosura implicam em um arquiteto, portanto, o universo é obra de um arquiteto dotado de inteligência e poder, capaz de fazer e preservar a sua obra. Portanto, esse arquiteto não poderia ser outro senão - Deus.
v Argumento Antropológico (do Gr. Antropos=homem)
Este argumento diz respeito à natureza moral do homem, cuja vida é regulada por conceitos do bem e do mal, através da consciência que aprova ou condena as suas ações, conforme seja boas ou más. Logo, a natureza moral do homem, requer a existência de um legislador Santo e Justo. Disse o filósofo alemão Emanuel Kant (1724-1804): Duas coisas me impressionam; “o alto céu estrelado e a lei moral no meu interior”.
v Argumento da crença universal
Existe algo no homem que jamais pode ser satisfeito com o invisível e o temporal. Trata-se de algo que clama pelo espiritual e o eterno. Onde quer que os homens tenham estado através dos milênios, esse clamor tem ecoado. Todos os homens de todas as raças, de uma forma ou de outra clamam por um ser superior, ou seja, Deus.
v Argumento histórico
A marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um poder e duma providência dominante. Toda história bíblica foi escrita para revelar Deus na história, isto é, para ilustrar a obra de Deus nos eventos humanos. Os princípios do divino governo moral encontram-se na história das nações tanto quanto na experiência humana. A história da humanidade, o surgimento e declínio de nações, como Babilônia e Roma e preservação de nações como Israel mostram que o progresso acompanha o uso das faculdades dadas por Deus e a obediência às suas leis, e que o declínio nacional e decadência moral seguem a desobediência, e ambas recebe as consequências de Deus.
1.2 Algumas Crenças Errôneas
Existem outras idéias extra-bíblica acerca de Deus. Dessas algumas se originaram em verdades exageradas, outras são deficientes, outras são pervertidas ou torcidas e todas são heréticas.
Vejamos algumas:
v O agnosticismo (significa não saber)
Nega a capacidade humana de conhecer a Deus “a mente finita não pode alcançar o infinito, declara o agnóstico”, no entanto, pela Bíblia podemos entender que podemos conhecer a Deus, não no sentido absoluto é claro, mas, no sentido relativo (1Co 13.12). Do agnosticismo derivaram-se outros movimentos como o Ateísmo, o Ceticismo entre outros.
v O politeísmo (culto de muitos deuses)
É característico das religiões antigas e pratica-se ainda hoje em muitas terras pagãs. Baseia-se na idéia de que o universo é governado, não por uma força só (como acredita os Cristãos), mas, sim por muitas, de maneira que há um deus da água, um deus do fogo, um deus das montanhas, um deus da guerra, etc. Abraão foi chamado a separar-se do paganismo e tornar-se uma testemunha do único e verdadeiro Deus; sua chamada foi o começo da missão de Israel, a qual era pregar o monoteísmo (culto a um só Deus), o contrário do politeísmo das nações vizinhas (Gn 12.1).
v O panteísmo (tudo é Deus)
É o sistema de pensamento que prega que Deus é tudo, e tudo é Deus, ou seja, as árvores, as pedras os pássaros, terra e água, répteis e homens – todos são declarados partes de Deus, consequentemente, todos devem ser adorados. O panteísmo confunde Deus com a natureza. Mas a verdade é que o poema não é o poeta, a arte não é o artista, a música não é o músico, e a criação obviamente não é o Criador. Esta idéia é um dos pilares do “Movimento Nova Era”.
v Deísmo (não confundir com Teísmo)
Admite que haja um Deus pessoal, que criou o universo que criou o mundo; mas insiste em que, depois da criação, Deus o entregou para ser governado pelas forças da natureza. Em outras palavras, ele deu corda ao mundo como quem dá corda a um relógio e o deixou sem mais cuidado da sua parte. Dessa maneira não seria possível nenhuma revelação, nenhum milagre. A idéia acerca de Deus, propagada pelo deísta é unilateral. As Escrituras ensinam duas importantes verdades concernentes à relação de Deus para com o universo: primeira, sua “transcendência”, que significa sua separação do mundo e do homem sua exaltação e soberania sobre eles (Is 6.1); segunda, sua “imanência”, que significa sua presença no mundo e sua aproximação do homem (At 17.28; Ef 4.6). O deísmo acentua demais a primeira verdade enquanto o panteísmo encarece demais a segunda. As escrituras apresentam a idéia verdadeira e absoluta sobre Deus. De fato, Deus está separado do mundo e acima do mundo; por outro lado, ele está no mundo. Ele enviou seu Filho para estar conosco, e o Filho enviou o Espírito Santo para estar em nós, ou seja, ele tem prazer em ter comunhão com os seus filhos. Desta maneira a Doutrina da Trindade evita os dois extremos.
v . Materialismo
O materialismo nega a realidade do espírito, explica todos os fenômenos mentais e espirituais como propriedades e funções da matéria.
2 – A NATUREZA DE DEUS
2.1 Definição de Deus
Quem é Deus? Pode Deus ser definido? Podemos colocá-lo nos limites de uma definição? Se pela palavra “definir” queremos dizer “limitar”, é claro que não podemos definí-lo. Porém, podemos mencionar as características que distingue o ser e, deste modo formular uma definição bíblica de Deus. Dentre as várias definições que podemos extrair da Bíblia destacamos a seguinte: Deus é Espírito pessoal perfeitamente bom, que em santo amor criou, sustenta e dirige tudo (Langston).
2.2 A Essência de Deus
Deus é formado por uma só substância: Espírito. Os homens são formados por duas substâncias: matéria e espírito. Há no universo, somente duas substâncias: matéria e espírito. O mundo é matéria; Deus os anjos e as almas dos homens são “espíritos’’. Ao longo de suas páginas a Bíblia afirma que Deus é uma pessoa espiritual (Jo 4.24), ao contrário do homem Deus é “incorpóreo”, ou seja, ele não tem forma, cor, tamanho etc.

Quando a Bíblia fala do olho, do ouvido, das mãos de Deus etc. Na realidade está usando uma figura de linguagem chamada “Antropomorfismo” que significa que Deus se manifesta metaforicamente em forma humana.

Quando Deus apareceu aos homens de forma humana ou angelical no AT, esses casos são chamados de Teofania (Gn 32.30; Jz 6.11-23).
2.3 Atributos de Deus
Todo ser têm suas características, isto é as suas qualidades, seus adjetivos tais como: pequeno, grande, bonito, feio etc.
As qualidades de Deus são os seus atributos, a saber: eternidade, onipotência, onisciência, santidade, soberania etc. O caráter de Deus é descrito na bíblia através dos seus atributos, que por sua vez se manifesta de duas maneiras, vejamos alguns:
v Atributos ativos
São atributos relacionados a si próprio, isto é,só ele possui:
Ø Eternidade > Não teve e não terá fim (Hc 1.12);
Ø Onipotência > Todo poderoso (Gn 17.1);
Ø Onisciência > Conhece todas as coisas (Sl 139.1-10; Sl 147.5);
Ø Onipresença > Não está limitado, ao tempo nem ao espaço, está presente em todo lugar ao mesmo tempo (Jr 23.24).
v Atributos morais
São os aspectos que são vistos nos relacionamentos de Deus com o homem, isto é, o homem também pode possuir através do Espírito Santo.
Ø Santidade > Deus é absolutamente Santo (Ap 4.8). O homem também pode ser relativamente santo.
Ø Justiça > Deus é absolutamente justo (Dt 32.4). O homem também pode praticar a justiça.
Ø Amor > Deus é amor (1 Jo 4.8). O homem também pode manifestar relativamente esse amor.
Ø Fidelidade > Deus é absolutamente fiel e digno de confiança as suas promessas jamais falharão (Sl 117.2) O homem também pode ser fiel.
3 - OS NOMES DE DEUS
Os nomes na Bíblia sempre tiveram um significado especial, e em se tratando do nome de Deus obviamente assume uma relevância muito maior. O próprio Deus na sua Palavra teve o cuidado em resguardar o seu nome, por exemplo, nas seguintes declarações: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (Ex 20.7); “Quão magnífico em toda terra é o teu nome!” (Sl 8.1); “Grande é o seu nome em Israel” (Sl 76.1). Deus teve essa preocupação porque o nome dele poderia ser aplicado de forma errada e ser aplicado em relação a outros deuses. Os nomes de Deus exprimem sua personalidade e suas atividades, enquanto os seus atributos exprimem o seu caráter.
3.1 Nomes hebraicos de Deus
v Elohim > Deus criador;
v Yahweh (Jeová) > Senhor; o nome Yahweh tem sua origem no verbo ser e inclui os três tempos:
v Passado – Eu me manifestei;
v Presente – Eu me manifesto;
v Futuro – Eu ainda manifestarei.
v El Elion > O Deus altíssimo (o que está acima de tudo e de todos) Gn 14.18-20;
v El Olam > O Deus eterno (Gn 21.23);
v El Shaday > O Deus todo poderoso (Ex 6.3);
v Adonai > Senhor no sentido de mestre.
3.2 Nomes de Deus no Novo Testamento e seus significados
A maioria dos livros teológicos e também os pregadores e ensinadores hodiernos, só se preocupam em relacionar os nomes de Deus em hebraico, no entanto os nomes de Deus que são mais pronunciados no Novo Testamento não têm nada de hebraico e sim, grego que é a língua original do Novo Testamento.
Vejamos alguns nomes gregos equivalentes ao hebraico do Antigo Testamento:
v Theos
O nome grego Theos é equivalente ao nome hebraico El que é o nome mais comum de Deus no AT. Como acontece no Hebraico com o nome El, no grego também podem ser formados vários nomes de Deus pela composição de Theos mais outro nome ex: Elion foi traduzido por Hypsistos Theos, que significa Deus altíssimo (Mc 5.7; Hb 7.1). El shaday foi traduzido para Theos Pantokator, que significa Deus todo poderoso (2 Co 6.18; Ap 1.8).
v Kyrios
Este nome é o equivalente a Yahweh (Jeová) e algumas vezes são aplicadas a Adonai que significa “Senhor”, este nome é aplicado não somente em relação a Deus, mas, também ao Senhor Jesus Cristo (Ap 19.6; Rm 14.8,9).
v Pater
Muitas vezes já se disse que o Novo Testamento introduziu um novo nome de Deus, a saber, Pater (pai). Mas isto, não é verdade o nome “pai” é empregado repetidas vezes no Antigo Testamento para designar a relação de Deus com Israel (Dt 32.6; Is 64.8), enquanto que em outras passagem, Israel é chamado filho de Deus (Ex 4.22; Is 2.1). No Novo Testamento o nome “Pai”, é aplicado no sentido geral de originador ou criador e em relação à primeira pessoa da trindade (1 Co 8.6; Tg 1.17,8; Mt 28.19).
4 - A TRINDADE SANTA
4.1 A Divindade é uma Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo Trindade significa tri-unidade, Três em um e Um em três
Definir a Trindade não é coisa fácil, trata-se de um daqueles mistérios que só será inteiramente revelado na eternidade. Podemos sim, descobrir o que a Bíblia revela a respeito do assunto. Deus Pai é a plenitude da Divindade invisível; Deus Filho é a plenitude da Divindade manifesta; Deus Espírito Santo é a plenitude da Divindade operando na criatura.
A Trindade Santa não é uma sociedade de três deuses como dizem os mórmons e as Testemunhas de Jeová. Não se encontra nas páginas da Bíblia a palavra “Trindade”, pois é um termo teológico que é usado para definir as três pessoas da divindade. Deus é uno e ao mesmo trino, trata-se de um fato que não poderíamos saber de outro modo, a não ser, que fosse revelado pela Bíblia.
4.2 O que a Bíblia ensina sobre a Trindade
Após trazer todas as coisas à existência por meio de um simples e poderoso “Haja”, e querendo formar o homem, disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a Nossa semelhança (Gn 1.26), A respeito do homem após a queda, disse também Deus; “Eis que o homem se tornou como um de Nós” (Gn 3.22). No relato bíblico quanto à confusão das línguas em Babel, lemos ainda: “Vinde Desçamos e Confundamos ali a sua linguagem” (Gn 11.7). Observe-se, os pronomes pessoais colocados na terceira pessoa.
Tanto no Antigo Testamento como no Novo, títulos divinos são atribuídos, distintamente, as três pessoas da Trindade.
v A respeito de Deus Pai: Eu sou o “Senhor teu Deus”, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Ex 20.2);
v A respeito de Deus filho: Respondeu-lhe Tomé: “Senhor meu e Deus meu”... (Jo 20.28);
v A respeito do Espírito Santo: Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu Coração para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? ... Não mentiste aos homens, “...mas a Deus” (At 5.3).
4.3 Evidências corroborativas
v Um dos nomes de Deus no Antigo Testamento, Elohim, é plural.
v No batismo de Jesus, o Filho saiu da água, o Espírito Santo desceu em forma de pomba sobre o Filho, e o Pai falou em voz audível (Mt 3.16).
v A fórmula do batismo dada por Jesus designa as três pessoas (Mt 28.19).
v A Bênção Apostólica claramente indica a distinção das três pessoas (2 Co 13.13).
Cada pessoa da trindade é descrita na Bíblia, como tendo a mesma essência e mesmos atributos, O filho e o Espírito Santo são tão divinos quanto o Pai. A divindade de cada uma das três pessoas da Trindade se comprova pelo fato de que todos os nomes, títulos, atributos, obras e adoração são reivindicadas para cada uma. A doutrina da Trindade mostra que Deus não tem sido um solitário e isolado. Deus é amor, e o amor implica em relação e comunhão. Esse amor para ser eterno e adequado, deve achar-se dentro da Divindade, e isso implica, pelo menos, a igualdade das pessoas, porque toda a perfeita comunhão tem que ser entre iguais.
4.4 Distinções das pessoas
Apesar de as Três pessoas pertencerem à mesma essência, são distintas:
v Cristo distingue-se do Pai (Jo 5.32,37);
v O pai e o Filho são distinguidos um do outro (Jo 1.14; Jo 3.16);
v O Pai e o filho se distinguem entre si (Jo 10.36; Gl 4.4);
v O Espírito Santo distingue-se do Pai e do Filho > Ele é enviado pelo Pai e pelo filho (Gl 4.6; Lc 3.21).
A doutrina da Trindade não é uma invenção da Igreja Católica Romana como alguns afirmam, porém baseada na Bíblia, confirmada pelo Concílio de Nicéia no ano 325 da nossa era e ensinada pela Igreja que prega, e ensina o verdadeiro Evangelho.
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